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Café: Sem gestão de risco você quebra!

Publicado 02.12.2024, 08:56
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Mais uma semana histórica no mercado do café com o vencimento Março-25 chegando a negociar na máxima da semana @ 335,45 centavos de dólar por libra-peso – o maior valor negociado desde 1.977!

O vencimento março-25, após negociar na máxima acima, encerrou @ 318,05 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / mínima / máxima / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 302,10 / 301,05 / 335,45 / 316,80 / 318,05 centavos de dólar por libra-peso). O R$ voltou a desvalorizar -5,80%, negociou na sua mínima histórica @ 6,1167 R$/US$ e encerrou ainda acima dos 6,00 R$/US$!

No dia 01 de novembro o vencimento Março-25 encerrou @ 242,95 centavos de dólar por libra-peso e na sexta-feira atingiu o seu valor máximo histórico @ 335,45 centavos de dólar por libra-peso! Uma alta de +9.250 pontos! Já Londres encerrou @ US$ 4.254 / tonelada e encerrou na última sexta-feira @ US$ 5.377 / tonelada – uma alta de +1.123 US$/tonelada.

Em “números” essas altas, apenas no mês de novembro-24, representam em NY +119,64 US$/saca ou aproximadamente +717 R$/saca e em Londres uma alta de +67,37 US$/saca ou aproximadamente +404,00 R$/saca!

Durante os períodos nov-23-abril-24 Nova Iorque trabalhou no intervalo 165-200 centavos de dólar por libra-peso e durante o período julho-24 até o dia 04 de novembro de 2024 - antes do mercado “explodir” trabalhou dentro do intervalo 235–250 centavos de dólar por libra-peso” e Londres dentro do intervalo US$ 4.100 – 4.400 / tonelada.

A partir do dia 04 de novembro-24 o “mercado” começou a confirmar e a acreditar nos problemas sérios do longo período da seca enfrentados pelas lavouras brasileiras e os reflexos já para a próxima safra 25/26! Algumas empresas e analistas (como a Archer Consulting, Fundação Procafé, Gustavo Renno, Eduardo Carvalhaes, Marcos Magalhães) já vinham sinalizando preços mais firmes para os próximos meses e os problemas potências com a próxima safra brasileira 25/26.

As altas nos mercados de café em Nova Iorque e Londres – apenas em “chamada de margem adicional” para a trading / comerciante / cooperativa / banco / produtor que estava / ainda está apostando na queda do mercado ultrapassou os +7,00 Bilhões de US$ apenas no último mês de novembro-24!

Junto com a “variação do mercado” a bolsa de Nova Iorque aumentou a “margem inicial” em aproximadamente 900 US$/contrato, equivalente @ + US$ 207.000.000 (+207 milhões de dólares)! Ou seja, os “vendidos” estão precisando encontrar entre 7-8 bilhões de dólares para continuar com suas posições “em aberto”.

Como exemplo, para uma empresa/trading/cooperativa/especulador “vendida” em 100.000 sacas o valor de margem inicial apenas em NY representou aproximadamente uma necessidade de caixa adicional de R$ 71.784.000.

Infelizmente com essa “puxada” do mercado - já esperada e sinalizada apenas “por alguns” - empresas literalmente quebraram! O pânico chegou no mercado com 3 das principais empresas nacionais tentando renegociar suas dívidas com os seus credores e “rumores” onde 2-3 tradings também estão enfrentando problemas graves (com a “chamada de margem” ultrapassando os 2,00 bilhões de dólares em apenas uma delas). Inclusive saíram rumores que uma dessas tradings já estaria sendo vendida/adquirida pelo governo chinês.

Além dos problemas acima algumas cooperativas nacionais estão enfrentando problemas no seu caixa e estão “fora do mercado”. Estão indicando preços 100-150 R$/saca abaixo dos concorrentes, deixando de comprar produto dos seus cooperados, pois não tem mais linha de crédito suficiente para continuar e/ou aumentar suas posições vendidas!

Infelizmente essa quebradeira ocorreu por falta do gerenciamento de risco por parte dos donos / diretoria comercial e financeira - por incompetência mesmo da gestão! Mesmo não “querendo acreditar” que o mercado poderia romper os 300 centavos de dólar por libra-peso, os “vendidos” deveriam ter analisado os riscos, os “riscos de cauda”, mitigando os riscos (comprando uma proteção, uma opção de compra “call*” ainda no início do ano (quando o mercado ainda estava abaixo dos 200 centavos de dólar por libra-peso) para não serem “pegos” pelo “cisne negro”!

Não foi por falta de “aviso”, oportunidade! Durante o período Nov-23/Abril-24 era possível comprar uma opção de compra “call*” vendendo uma opção de venda “put*” e/ou vendendo uma estrutura “put-spread*” contra o vencimento Março-25 strike 250 centavos de dólar por libra-peso a “custo zero”!

O “cisne negro” deu sinais que poderia voltar ao mercado e infelizmente muitos não acreditaram!

Como bem explicado pelo meu mentor / professor / trader Arnaldo Corrêa no seu “Comentário semanal do açúcar - 30 novembro-24: PÂNICO E RISCO DE CAUDA

O “cisne negro” ou o “risco de cauda” chegou novamente no mercado do café. E ocorre quando:

... Como destaque no mercado de commodities, duas das softs, cacau e café subiram 34.75% e 30.62%, respectivamente.

Quando esses eventos ocorrem a sangria que eles provocam via chamada de margem traz da volta a velha discussão sobre a gestão de risco. Quanto sua empresa está preparada para eventos dessa natureza?

A imensa maioria prefere não fazer nenhum tipo de proteção contra o que se chama de evento de cauda, ou seja, aquele evento com baixa probabilidade de acontecer, geralmente representado por mais de dois desvios padrão da média em uma distribuição normal.

Embora raros, esses eventos podem causar implicações financeiras graves para as empresas.

Esse é um assunto em que eu comento sempre nos nossos cursos avançados. É uma preocupação que deveria estar na agenda de todo gestor de risco responsável.

Um hedge de cauda é uma estratégia para proteger contra esses eventos raros.

Ele funciona como um "seguro", cobrindo a exposição da empresa a movimentos extremos e inesperados nos preços.

 

Isso é especialmente relevante em mercados de commodities, onde fatores externos como clima, geopolítica ou mudanças abruptas na oferta e demanda podem desencadear eventos de cauda.

O termo vem do gráfico de uma curva de distribuição de probabilidade, como a curva normal (curva em forma de sino).

 

Os eventos que ocorrem nas extremidades (ou "caudas") representam os resultados menos prováveis – sejam ganhos ou perdas extremas.”

Agora essas empresas estão procurando recorrer as “brechas” das fracas leis brasileiras solicitando “concordata / recuperação judicial”... Nessa modalidade (já ficou provado no Brasil em muitos casos recentes) o “empresário” quebra a empresa, prejudica centenas de produtores / fornecedores para em seguida “renegociar” e “conseguir” junto aos seus credores um “abatimento da dívida” – (o tão desejado “hair cut*”) ao redor dos 80% e 5-10 anos para pagar! Realmente uma vergonha!

Os sinais dessa alta nos preços já vinham circulando no mercado desde março-abril-2024!

E a situação deverá piorar ainda mais nas próximas semanas!

Muito importante para os “ainda vendidos” - e para toda a cadeia – assistirem ao vídeo da Fundação  Procafé* onde o Alisson e Alexandre novamente abordam os problemas enfrentados pelas lavouras e os reflexos na quebra de produção estimada já para a próxima safra 25/26!

Procafé - Florada do café: pegou ou não pegou?

Da mesma forma tivemos a divulgação do último comentário da Maja Wallengren – da consultoria Spilling the Bean – sinalizando uma firmeza nos preços com Nova Iorque trabalhando entre 300-400 centavos de dólar por libra-peso durante os próximos meses!

Lembra também que a Archer Consulting já vinha sinalizando e indicando há meses que o mercado poderia buscar os 300 centavos de dólar por libra-peso. E que os preços deverão continuar firmes durante os próximos 2-3 anos em função do quadro justo da “oferta x demanda mundial”.

Existem muitos produtores que venderam “travas” futuras para entregar o produto entre junho-setembro-25 e entre junho-setembro-26. Eles já sabem que não terão o café suficiente para honrar seus compromissos! Muitos outros – também não acreditaram na alta do mercado - venderam suas posições entre 180-250 centavos de dólar por libra-peso e, infelizmente, não estão aproveitando essa alta espetacular do mercado...

O que fazer agora?

Para o “produtor comprado”: “surfar a onda da alta” e se proteger comprando um seguro contra eventual baixa contra o dez-25 / dez-26;

Para o “produtor vendido”, “cooperativa / trading / corretora / banco”: colocar um “stop” e recomeçar! A “luz no fim do túnel” é um trem carregado de “tubarões” vindo em sua direção!

Como sempre protejam-se!

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