Os preços médios dos cafés arábica e robusta recuaram de forma expressiva entre junho e julho. Para o arábica, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, posto na capital paulista, teve média de R$ 819,61/saca de 60 kg em julho, diminuição de 11,8% (ou de quase 110 Reais/sc) frente ao mês anterior. Quanto ao robusta, a média de julho foi de R$ 649,29/sc, queda de 8,07% (ou de 56,97 Reais/sc). Tratam-se das médias mensais mais baixas desde abril de 2021 para o arábica e de março de 2023 para o robusta, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de junho de 2023). No caso do arábica, a pressão sobre as cotações segue vindo do avanço da colheita no Brasil e da perspectiva de boa oferta no curto prazo. Esse cenário influencia também os preços do robusta, mesmo com a safra sendo menor no Espirito Santo, principal produtor da variedade no País.
A baixa foi menos intensa para o robusta, devido à confirmação de quebra na produção apenas no Espírito Santo, onde a colheita da variedade está chegando ao fim. Para o arábica, por outro lado, as atividades continuam progredindo e mais cafés têm chegado às classificadoras com bom padrão de qualidade e peneira. A Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) estima aumento de 15,9% (ou de 5,2 milhões de sacas) na produção de café arábica em 2023/24 frente à de 2022/23. No entanto, agentes de mercado consultados pelo Cepea indicam que produtores apostam em crescimento de cerca de 30% na produção em relação ao ciclo anterior. Ainda que a produção do robusta seja limitada frente à safra 2022/23, diversos lotes estavam chegado ao mercado, assim como para o arábica. Mesmo com o aumento da oferta de cafés, as negociações se mantiveram lentas, devido aos preços considerados insatisfatórios por produtores, que aproveitaram apenas os momentos pontuais de alta para negociar e cobrir os custos da safra. Colaboradores do Cepea indicam que a comercialização esteve limitada também quando o foco era para exportação.
CAMPO – O clima foi bastante favorável à colheita em grande parte de julho nas regiões produtoras brasileiras, colaborando para o avanço dos trabalhos no campo e, inclusive, para a finalização das atividades em algumas praças. Em Rondônia, a colheita do robusta foi encerrada na segunda quinzena de julho. No Espírito Santo, cerca de 90% do total foi colhido. Para o arábica, na Mogiana e nas Matas Mineiras, colaboradores relataram colheita de 80% do total, e por volta de 65% no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas. Garça (SP) e Noroeste do Paraná seguem com 55%. Nesta safra, casos pontuais de pragas e doenças foram relatados em algumas regiões, como ferrugem mais agressiva em Garça (SP), bicho mineiro no Cerrado (MG) e broca no Sul da Bahia. Nas demais localidades, colaboradores do Cepea apontaram preocupações em relação à qualidade dos cafés durante os testes sensoriais, com elevado número de “xícaras estouradas” (isso significa que xícaras do mesmo lote de café apresentam padrão de bebida inferior às demais), como na Mogiana, em Garça, no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas.