ARÁBICA
Os preços internos do arábica subiram em maio, impulsionados especialmente pela valorização do dólar, mas também pelo avanço das cotações externas e pela maior demanda. Esse cenário atraiu mais vendedores ao spot, elevando ligeiramente a liquidez interna do mercado de café arábica durante o mês. Segundo agentes, além da maior movimentação no mercado físico, muitos produtores aproveitaram o dólar mais valorizado para realizar negócios futuros, sobretudo no Sul e no Cerrado Mineiro. Além disso, os maiores valores de comercialização, às vésperas da intensificação da colheita de arábica, ajudaram na formação de caixa dos produtores para os trabalhos no campo.
Entretanto, vale ressaltar que, nas duas últimas semanas de maio, a paralisação dos caminhoneiros dificultou as negociações. A falta de caminhões e de combustível prejudicou desde a retirada dos cafés das lavouras até os embarques nos portos, cenário que afastou agentes do mercado, travando os negócios.
A média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica foi de R$ 451,01/saca de 60 kg, elevação de 3,7% em relação à média de abril (valores deflacionados pelo IGP-DI abril/2018). Já no comparativo com maio/17, as cotações registraram baixa de 2,8%. No mercado externo, os futuros foram impulsionados por movimentos técnicos, pela previsão de frio em áreas produtoras brasileiras e pela queda do dólar em alguns dias do mês. Em maio, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 122,01 centavos de dólar por libra-peso, avanço de 2,5% em relação a abril. O dólar teve média de R$ 3,637, forte alta de 9,6% na mesma comparação.
SAFRA 2018/19 – A colheita nas lavouras de arábica seguiu em menor ritmo em maio. Apesar de a intensificação das atividades ser esperada apenas para junho, devido à maturação dos cafezais, muitos produtores haviam iniciado a colheita dos cafés precoces e em lavouras mais novas em maio, sobretudo em Garça (SP) e no Noroeste do Paraná. Entretanto, o clima desfavorável (excesso de chuvas em algumas regiões e falta em outras) e a greve dos caminhoneiros diminuíram o ritmo das atividades. A falta de combustível para maquinário em algumas fazendas e a dificuldade de deslocamento de trabalhadores até as lavouras foram os principais fatores que atrapalharam a colheita de arábica no fim de maio. Assim, até o final do mês, o volume colhido no Noroeste do Paraná – região mais avançada nos trabalhos – estava em trono dos 20% do total esperado, segundo agentes consultados pelo Cepea. Na Zona da Mata (MG), esse volume estava próximo dos 15%, enquanto que no Sul de Minas e em Garça, a colheita não chegava aos 10% em cada praça. Já na Mogiana (SP) e no Cerrado Mineiro, o volume colhido não excedia os 5%. Com o fim da greve dos caminhoneiros, entretanto, colaboradores do Cepea esperam que os trabalhos de campo sejam retomados com maior força no início de junho, sendo que um maior volume de café novo deve chegar ao mercado após a segunda quinzena do mês.
ROBUSTA
Os preços do café robusta seguiram em alta em maio, impulsionados pela maior procura e pela retração de vendedores. Apesar de a demanda pelas indústrias de torrefação nacional ter sido um pouco mais lenta no mês, exportadores voltaram a procurar o robusta de maior qualidade, cenário que manteve o mercado mais aquecido. Do lado vendedor, produtores voltaram as atenções para a colheita do robusta, mantendo-se mais distantes do mercado. Entretanto, os maiores preços de comercialização e o dólar mais firme em maio permitiram o fechamento de alguns negócios. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 330,78/saca de 60 kg no em maio, avanço de 2,4% na comparação com abril (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI abril/2018). Por outro lado, em relação a maio/17 houve queda de 21,8%. Para o tipo 7/8 bica corrido, a média foi de R$ 322,00/sc, elevação de 2,3% no mesmo comparativo, mas baixa de 22% no ano. No mercado externo, as cotações foram influenciadas por fatores técnicos, pelo câmbio e pela aproximação da safra brasileira de robusta. O contrato Julho/18 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.732,00/tonelada em 30 de maio, queda de 1,4% na comparação com 30 de abril.
SAFRA 2018/19 – O tempo permaneceu mais firme em Rondônia em maio, favorecendo o avanço da colheita do café robusta no estado. Colaboradores do Cepea relatam que, até a última semana de maio, mais de 80% da produção estimada para a safra 2018/19 já tinha sido colhida. Por outro lado, no Espírito Santo, os trabalhos seguiram em menor ritmo em boa parte do mês. Até meados de maio, o alto percentual de grãos verdes e as chuvas acabaram impedindo o avanço da colheita na praça capixaba. Na estação de São Mateus (ES), o volume acumulado em maio chegou a 217,6 mm, segundo o Inmet (Instituo Nacional de Meteorologia), enquanto que, nas estações de Linhares e Marilândia (ES), os volumes foram de 110,8 mm e 58,4 mm, respectivamente. Apesar do atraso, vale ressaltar que as precipitações auxiliaram as condições dos cafezais. Já a partir da segunda quinzena de maio, a colheita voltou a avançar no estado, uma vez que, além da maior maturação dos grãos, muitos produtores tinham entregas de café programadas para o final de maio e início de junho e tiveram que avançar com os trabalhos. Apesar de a greve dos caminhoneiros ter dificultado levemente a entrada de trabalhadores no campo, as atividades ganharam ritmo nas últimas semanas de maio, sendo que o volume colhido no Espírito Santo estava entre 15% e 30% da safra no fim desse mês.