ARÁBICA
Os preços internos do café arábica encerraram março em queda. A média do Indicador CEPEA/ESALQ da variedade foi de R$ 429,81/saca de 60 kg no mês passado, 1,9% inferior à de fevereiro. Frente a março de 2017, o recuo chega a 11,7%, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de fev/18). A desvalorização esteve atrelada à queda dos preços internacionais do grão e à menor demanda, uma vez que compradores seguem aguardando o início da nova temporada (2018/19) para adquirir maiores volumes de café, cenário que manteve baixa a liquidez. Além disso, produtores permanecem insatisfeitos com os atuais patamares de preços, negociando o grão apenas em dias de alta das cotações ou do dólar. No mercado externo, os futuros foram pressionados pela valorização do dólar, movimentos técnicos e expectativas de safra 2018/19 volumosa no Brasil. A média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em março foi de 120,94 centavos de dólar por libra-peso, queda de 1,2% em relação à de fevereiro. O dólar teve média de R$ 3,276, avanço de 1% na mesma comparação.
As chuvas de março contribuindo para o desenvolvimento das lavouras de arábica. No Cerrado e no Sul de Minas, os volumes acumulados no mês foram de 185,2 mm (Patrocínio) e de 61,2 mm (estação de Varginha), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Nas regiões paulistas, as precipitações chegaram a 205,8 mm na Mogiana (Franca) e a 204,8 mm em Garça (Bauru). Na Zona da Mata Mineira, março terminou com acumulado de 292,4 mm na estação de Manhuaçu. Por fim, no Noroeste do Paraná, o acumulado foi de 139,5 mm na estação de Londrina. As chuvas mais volumosas e constantes dos últimos meses vêm garantindo um excelente enchimento de grãos, criando expectativas para uma melhora na peneira nesta próxima temporada. Além disso, agentes acreditam que os problemas com broca, responsáveis por parte das perdas na safra atual (2017/18), devem ser observados em menor intensidade em 2018/19. Casa o clima siga favorável, a colheita deve ser iniciada em maio na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Por outro lado, a aproximação da safra tem pressionando as cotações externas e internas da variedade, dificultando os negócios. No geral, o Indicador do arábica operou entre R$ 420 e R$ 430/sc nas últimas semanas. Apesar dos baixos patamares, agentes acreditam que os preços podem recuar ainda mais com o início da temporada. Quanto aos negócios, esses devem seguir lentos nas próximas semanas, ocorrendo apenas quando há necessidade de uma das pontas, compradora ou vendedora.
ROBUSTA
Os preços do robusta seguiram em queda no Brasil em março, pressionados por desvalorizações externas e por expectativas de uma colheita nacional volumosa em 2018/19. Apesar de alguns negócios terem ocorrido durante o mês, devido ao leve aumento da demanda das indústrias torrefadoras e à necessidade de caixa de alguns produtores, os preços do robusta voltaram a recuar no final de março, afastando agentes do spot e limitando a comercialização. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 305,55/saca de 60 kg em março, 4,2% inferior à de fevereiro. No comparativo com março/17, a queda foi de 30,1%. Já para o tipo 7/8 bica corrida, a média de março foi de R$ 297,50/sc, baixa de 4,3% em relação à de fevereiro e de 31,8% frente à de março/17. Para ambos os tipos, a média foi a menor desde setembro de 2014, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/18). Já no mercado externo, as cotações recuaram em boa parte do mês, influenciadas pelo bom volume exportado pelo Vietnã, maior produtor mundial da variedade, e pela aproximação da safra na Indonésia. O contrato Maio/18 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.725,00/tonelada em 29 de março, estável (+0,05%) frente ao dia 28 de fevereiro.
O clima também segue auxiliando as lavouras de robusta. No Espírito Santo, a estação de Marilândia registrou 133,2 mm de chuva em março, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), enquanto nas estações de Linhares e São Mateus, os acumulados no período foram de 108,2 mm e de 66,2 mm, respectivamente. Devido às precipitações mais volumosas, a colheita no estado deve ser iniciada apenas em maio, mas esse cenário também deve auxiliar na qualidade dos grãos e no rendimento na beneficiação do café. Em Rondônia, novos grãos também devem entrar mais tarde no mercado neste ano. Apesar de a colheita no estado ter sido iniciada no final de março, ainda está restrita às áreas onde a maturação das lavouras está mais avançada e apenas poucos lotes chegaram ao mercado até o momento. Isso porque o alto percentual de grãos ainda verdes nos pés tem dificultado o avanço dos trabalhos no campo rondoniense. Além disso, o elevado volume de chuvas nas últimas semanas tem dificultado a entrada de trabalhadores nos campos em alguns locais.
Assim, a expectativa é de que pouco café rondoniense chegue ao mercado pelo menos até a segunda quinzena de abril. Já no mercado físico, agentes esperam que, com a menor oferta da variedade, os preços sejam sustentados, pelo menos, até o final de abril, quando um maior volume de grãos da nova safra deve entrar no mercado. Outro fator que deve influenciar os preços neste mês é o possível aumento da demanda para exportação e também por parte das torrefadoras nacionais, que estão com estoques mais enxutos. Agentes observaram que, já em março, o grão para exportação foi mais procurado que em anos anteriores.