ARÁBICA
Os preços domésticos do café arábica tiveram forte alta em fevereiro. No acumulado do mês (de 29 de janeiro a 26 de fevereiro), o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor avançou 88,17 Reais por saca (ou 13,4%), fechando a R$ 746,50/saca de 60 kg no dia 26. Vale (SA:VALE3) apontar que, na média do mês, o Indicador foi de R$ 685,21, forte alta de 75,45 Reais por saca (ou 12,4%) frente a fev/20 e a maior média mensal desde agosto de 2017 (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/21). O impulso veio da demanda firme e das elevações dos futuros da variedade e do dólar, especialmente na segunda quinzena de fevereiro. No mercado internacional, além de fatores técnicos, os valores foram influenciados por previsões de menor oferta em 2021 – devido à quebra da safra brasileira e aos possíveis impactos do clima na produção da América Central e do Vietnã –, aliadas às expectativas de recuperação da demanda, por causa do avanço da vacinação contra a covid-19 no mundo. Além desses fatores, problemas globais de disponibilidade de contêineres têm sido registrados, impulsionando os futuros.
Assim, na última semana de fevereiro, o contrato Maio/21 avançou para o patamar de 140 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o que não era visto há mais de um ano. No mês, a média de todos os contratos negociados foi de 129,10 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 2,2% frente à de janeiro. Quanto ao dólar, encerrou a R$ 5,421 no mês, valorização de 1,2% no mesmo comparativo. No mercado físico, o avanço dos preços atraiu um bom número de agentes aos negócios, elevando a liquidez. As negociações só não foram mais significativas devido ao alto percentual de café já comercializado e às perspectivas de preços elevados ao longo de 2021. Muitos produtores ainda devem esperar uma valorização mais expressiva do café para negociarem mais. Vale apontar que muitos cafeicultores também estão atentos ao aumento do custo de produção neste ano, devido ao avanço dos preços dos insumos e à menor produtividade esperada na temporada 2021/22.
CAMPO – As precipitações voltaram a ser registradas na maior parte das regiões produtoras de arábica em fevereiro. Agentes apontam que as chuvas não foram uniformes, mas ocorreram em praticamente todas as áreas, trazendo certo alívio aos produtores. Parte das lavouras ainda apresenta enchimento satisfatório dos grãos, o que pode permitir melhor qualidade de peneira, ainda que a quebra em 2021/22 já esteja dada como certa.
ROBUSTA
Os preços do robusta também avançaram em fevereiro. De 29 de janeiro a 26 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima acumulou ganho de 32,87 Reais por saca (ou 7,8%), fechando a R$ 455,22/saca de 60 kg no encerramento do mês. Quanto ao tipo 7/8, o preço registrou alta de 27,99 Reais por saca no acumulado de fevereiro, fechando a R$ 440,50 no dia 26. Assim como para o arábica, as cotações do robusta foram impulsionadas pelos avanços do dólar e dos futuros em fevereiro. Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), o contrato Março/21 fechou a US$ 1.458/tonelada no dia 26 de fevereiro, significativa alta de 11,6% na comparação com o último dia útil de janeiro. Os futuros também foram impulsionados pela expectativa de menor oferta em 2021 no Vietnã, pela recuperação econômica (o que pode refletir em maior consumo) e por problemas de disponibilidade de contêineres.
Segundo agências de notícias internacionais, produtores do Vietnã também estão mais retraídos do mercado, uma vez que já comercializaram cerca de 40% a 50% da safra de 2020/21, o que tem contribuído para a oferta mais restrita neste começo de ano, visto que, no Brasil, produtores também estão mais distantes do mercado. Vale apontar que, apesar de a alta dos preços do produto nacional em fevereiro ter favorecido o fechamento de negócios, a liquidez foi muito menor que a do arábica. Além do alto percentual de café já comercializado, cafeicultores de robusta também esperam novas altas para voltarem a negociar um volume mais significativo.
CAMPO – As regiões produtoras de robusta registraram chuvas em boa parte de fevereiro. Apesar da quebra dada como certa nas lavouras de Rondônia – devido às quedas de flores e de chumbinhos e ao alto estresse das lavouras até o final de 2020 –, um clima mais favorável neste primeiro trimestre de 2021 deve, ao menos, favorecer o enchimento dos grãos. No Espírito Santo, as lavouras estão em boas condições, e o enchimento tem ocorrido sem problemas, com grande parte dos agentes apostando em ótima recuperação da produção em 2021/22.