Os preços domésticos do café arábica recuaram em outubro, pressionados especialmente pela queda dos valores externos. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 536,60/saca de 60 kg, baixa de 5% em relação à de setembro. Frente a outubro/19, no entanto, os preços ainda apresentam alta de 40,10 Reais por saca, ou +8,1% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI de setembro/20).
No front externo, os futuros foram influenciados por fatores técnicos, pela elevação do dólar frente ao Real, pelo retorno – ainda aquém do esperado – das chuvas nos cafezais brasileiros e por preocupações quanto à demanda de café, devido aos novos casos de covid-19 na Europa e nos Estados Unidos e ao consequente aumento das medidas restritivas nos países europeus. Assim, a média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 109,34 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 9,4% frente a setembro. Quanto ao dólar, na média de outubro, fechou a R$ 5,629, aumento de 4,2% no mesmo comparativo.
Em relação aos negócios, seguiram muitos lentos, especialmente devido à retração de vendedores. Além de produtores estarem mais capitalizados, em função das vendas fechadas a preços elevados nos meses anteriores, esses agentes estão apreensivos quanto à produção em 2021/22 e aguardam o desenvolvimento da safra e o movimento dos preços nos próximos meses para retornarem ao mercado.
CAMPO – Outubro se iniciou com tempo ainda firme e quente na maior parte das regiões produtoras de arábica. As precipitações retornaram apenas em meados do mês, mas de forma desuniforme na maior parte das lavouras e ainda abaixo do ideal, especialmente levandose em conta o estado debilitado das plantas após a safra volumosa em 2020/21 e a forte estiagem e o calor no segundo semestre de 2020. Agentes apontam que já houve impacto nas poucas flores abertas em agosto e setembro. Nesse cenário, as preocupações se estendem também ao pegamento das flores abertas em outubro. Colaboradores apontam que, ainda que não se saiba em qual dimensão, o potencial produtivo das lavouras em 2021/22 (de bienalidade negativa) pode ser prejudicado.
As cotações do robusta seguiram em elevação no mercado interno em outubro. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima no mês foi de R$ 399,70/sc de 60 kg, avanço de 1,1% frente à de setembro. O tipo 7/8 bica corrida teve média de R$ 387,8/sc, aumento de 1,2% no mesmo comparativo. Em relação a outubro/19, as médias subiram 17,8% para o tipo 6 e 18,2% para o 7/8, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/20). A alta esteve atrelada aos avanços dos preços externos do grão e do dólar, além da retração de vendedores.
No cenário externo, os futuros foram impulsionados especialmente por preocupações quanto às chuvas volumosas no Vietnã (maior produtor mundial), que devem atrasar a colheita. No final de outubro, as preocupações aumentaram, devido à passagem de um tufão no país e seus eventuais impactos na safra 2020/21. Entretanto, não foram reportados prejuízos até o final do mês. O contrato Janeiro/21 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.351/tonelada no dia 30 de outubro, alta de 1,5% na comparação com o último dia útil de setembro.
De forma geral, grande parte dos produtores seguiu distante do mercado em outubro, devido ao alto percentual já comercializado da safra 2020/21. Porém, alguns negócios foram fechados, devido à alta das cotações no mês.
CAMPO – Chuvas ocorreram ao longo de outubro nas regiões do Espírito Santo e em Rondônia. No estado capixaba, agentes apontam que o desenvolvimento da safra 2021/22 está dentro do esperado. Ainda que o tempo firme em setembro tenha prejudicado parte dos cafezais, as reservas hídricas do estado permitiram a irrigação e, com o retorno gradual das chuvas em outubro, o pegamento dos chumbinhos tem ocorrido sem grandes problemas. Já em Rondônia, as lavouras foram um pouco mais prejudicadas nos últimos meses, sendo que colaboradores apontam que houve perda de algumas flores e, posteriormente, de chumbinhos, o que pode prejudicar a produção na próxima temporada.