ARÁBICA
Os preços domésticos do café arábica voltaram a avançar em novembro, impulsionados especialmente pela valorização externa nos futuros da variedade e pela retração vendedora. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 565,46/saca de 60 kg, aumentos de 28,86 Reais por saca (ou de 5,3%) em relação à de outubro e de 1,9% frente à de novembro/19, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de outubro/20). O movimento de alta teve mais força na última semana do mês, quando as cotações voltaram a operar perto dos R$ 600/sc.
No mercado internacional, os futuros foram influenciados por fatores técnicos e por preocupações quanto ao clima nas principais regiões produtoras do mundo. Enquanto no Brasil as expectativas são de que o tempo quente e seco até outubro tenha agravado a quebra de produção em 2021/20, na América Central, furacões e enchentes têm prejudicado os cafezais e afetado a logística da cadeia. Agências de notícias relatam danos nos cafezais de Honduras, maior país produtor da região e importante origem que compõe os estoques certificados da Bolsa de Nova York (ICE Futures). Produtores ainda estavam avaliando a dimensão dos estragos, mas o Instituto Nacional do Café de Honduras (IHCAFE) apontou que milhares de sacas, que poderiam ser exportadas, foram comprometidas. Assim, a média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 114,90 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 5,1% frente a outubro. Quanto ao dólar, teve média de R$ 5,422 no mês, desvalorização de 3,7% no mesmo comparativo. Em relação aos negócios, foram mais agitados no final de novembro, devido à forte alta dos preços. Ainda assim, a liquidez seguiu limitada, uma vez que grande parte dos produtores está mais capitalizada – em função das vendas realizadas em meses anteriores – e, por isso, aguarda maior valorização do café para comercializar novos lotes.
CAMPO – Chuvas ocorreram todas as regiões produtoras de arábica em novembro. Porém, agentes apontam que, na maior parte das lavouras, as precipitações seguem dispersas e abaixo do ideal. Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Patrocínio (Cerrado Mineiro) teve o maior acumulado em novembro, com 141,8 mm, seguido de Franca (Mogiana – SP), com 106,4 mm, Londrina (PR), com 102,5 mm, Marília (Garça – SP), com 71,4 mm e Varginha (Sul de Minas), com apenas 36,8 mm. Na Zona da Mata (MG), não houve dados de precipitação, porém, agentes apontam que as chuvas têm sido um pouco mais volumosas, favorecendo os cafezais. De maneira geral, agentes apontam que, ainda que as chuvas tenham auxiliado em partes na recuperação das lavouras, a seca nos meses anteriores já teria comprometido o potencial produtivo da próxima safra 2021/22.
ROBUSTA
As cotações do robusta se elevaram em novembro, acompanhando o avanço dos preços externos e do dólar. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima no mês foi de R$ 409,98/sc de 60 kg e a do tipo 7/8 bica corrida, de R$ 398,03/sc, ambos com incremento de 2,6% frente a outubro. Em relação a novembro/19, as médias subiram 14,9% para o tipo 6 e 15,1% para o 7/8, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de outubro/20). Com a alta dos preços, vendedores retornaram ao mercado, elevando a liquidez interna. No cenário externo, os futuros seguiram impulsionados por preocupações quanto às chuvas volumosas e tufões no Vietnã (maior produtor mundial), que atrasaram a colheita. Segundo agências internacionais, os trabalhos estiveram em 10% da produção estimada, com os cafezais entrando em pico de colheita apenas em dezembro. Além do atraso, acredita-se que a safra também pode ter quebra, recuando para 27 milhões de sacas de 60 kg, devido ao clima adverso no período de enchimento dos grãos. Assim, o contrato Janeiro/21 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.401/tonelada no dia 30 de novembro, alta de 3,7% na comparação com o último dia útil de outubro.
CAMPO – Choveu nas regiões de robusta em novembro. De acordo com dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em Cacoal (RO), o acumulado do mês foi de 237 mm, e em São Mateus (ES), de 135,6 mm. As precipitações favoreceram o pegamento dos chumbinhos em ambas as praças e auxiliou na recuperação das lavouras rondonienses, que foram debilitadas pelo clima seco até outubro. Ainda assim, agentes apontam que a produção em Rondônia deve ser prejudicada em 2021/22, devido às quedas de flores e de chumbinhos verificadas em meses anteriores. Já no Espírito Santo – maior estado produtor no Brasil –, as lavouras estiveram em melhores condições e as expectativas, até novembro, eram de produção maior em 2021/22 frente à de 2020/21, quando, vale lembrar, a safra do estado foi prejudicada pelo clima desfavorável durante as floradas e pela redução dos tratos culturais.