ARÁBICA
Mesmo com a colheita da safra 2021/22 perto do fim, os preços do café arábica avançaram em agosto. Entre 30 de julho e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, aumentou 69,79 Reais por saca (ou 6,9%), a R$ 1.084,23/sc no dia 31. No dia 30, o Indicador atingiu o maior patamar, em termos reais, desde 25 janeiro de 2012, fechando a R$ 1.102,36/sc (os valores foram deflacionados pelo IGPDI de julho/21). O avanço nas cotações esteve atrelado especialmente à alta dos futuros externos e à retração vendedora. O cenário de incerteza quanto à produção em 2022/23 e ao baixo volume colhido em 2021/22 manteve produtores relativamente retraídos em agosto, limitando os negócios no físico nacional. Cafeicultores venderam apenas alguns lotes de café nos dias de preços maiores.
No cenário internacional, os valores foram impulsionados por fatores técnicos, pela queda do dólar frente ao Real e por perspectivas de oferta limitada no curto e médio prazos no Brasil. Além do volume abaixo do esperado em 2021/22, os impactos da geada e da seca na próxima safra (2022/23) seguem no radar de agentes. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato Dezembro/21 teve elevação de 7,3% entre 30 de julho e 31 de agosto, terminando a 195,90 centavos de dólar por libra-peso no dia 31. Quanto ao dólar, fechou a R$ 5,175 no dia 31, desvalorização de 0,4% no mesmo comparativo. No campo, a colheita da safra 2021/22 do café arábica entrou em reta final em agosto no Brasil. Até a última semana do mês, os trabalhos de campo alcançaram entre 85 e 95% do total. Regionalmente, as atividades estavam mais avançadas em Matas de Minas (Zona da Mata), somando de 97 a 100% da produção esperada, e em Garça (SP), totalizando entre 85 e 95%. No Sul de Minas, a colheita estava entre 83 e 93% do total, e no Cerrado Mineiro, na Mogiana (SP) e no Noroeste do Paraná, entre 80 e 90%.
ROBUSTA
Os preços da variedade subiram de forma ainda mais intensa que as cotações do arábica em agosto. Entre 30 de julho e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica do tipo 6 peneira 13 acima avançou 110,45 Reais por saca (ou 19%), fechando a R$ 691,01/sc de 60 kg no dia 31, o maior patamar real desde 22 de agosto de 2017 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de jul/21). Para o tipo 7/8, o aumento foi de 114,10 Reais por saca (ou de 20,2%) no mesmo comparativo, a R$ 679,40/sc no dia 31. A liquidez para o robusta foi superior à do arábica, mas ainda seguiu baixa. Produtores também estiveram atentos ao cenário de incerteza de oferta do arábica, o que pode impulsionar as cotações do robusta ao longo dos próximos meses. Com a menor disponibilidade de arábica, torrefadores ao redor do mundo têm aumentado a proporção de café robusta nos blends, impulsionando as cotações desta variedade.
Entre 30 de julho e 31 de agosto, o contrato Novembro/21 avançou 12,5% na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), terminando o dia 31 a US$ 2.026/tonelada. No Brasil, agentes começam a se preocupar com o clima seco, tendo em vista que algumas lavouras estão apresentando desfolha, o que pode abortar as poucas flores já abertas no Espírito Santo e em Rondônia. No entanto, ainda não há dimensionamento de prejuízos para a temporada 2022/23, uma vez que as floradas foram muito pequenas.