Os preços do café arábica apresentaram fortes oscilações em maio. No início do mês, os valores foram pressionados por movimentos técnicos, por incertezas relacionadas à demanda global e pelo início da colheita da safra 2022/23. Já na segunda semana de maio, as cotações subiram, impulsionadas por correções e por preocupações com a chegada de uma forte onda de frio no Brasil, que poderia trazer geadas. Diante disso, no dia 17, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, chegou a atingir R$ 1.308,24/sc, o maior patamar nominal desde 9 de março deste ano. No entanto, o frio teve intensidade moderada, de menor força que o esperado, resultando em novas quedas nos preços do arábica. Assim, no dia 24, o Indicador CEPEA/ESALQ chegou ao mínimo mensal, de R$ 1.218,65/sc de 60 kg. Já nos últimos dias do mês, previsões indicando uma nova frente fria e fatores técnicos voltaram a elevar os valores da variedade.
No balanço do mês, entre 29 de abril e 31 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou avanço de 0,45%, fechando a R$ 1.273,07/sc no dia 31. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), por sua vez, o contrato Julho/22 terminou o mês a 231 centavos de dólar por libra-peso, aumento de 4,1% em relação ao dia 29 de abril. Essa forte oscilação das cotações e as preocupações com as geadas mantiveram vendedores distantes do mercado, com os poucos negócios realizados envolvendo pequenos volumes. Além disso, com a colheita ainda no começo, produtores devem esperar o avanço das atividades para retornarem ao mercado. Segundo dados levantados junto a colaboradores do Cepea, o volume de café arábica colhido até o final de maio somava menos de 10% do esperado, considerando-se todas as regiões acompanhadas. Na praça das Matas de Minas (Zona da Mata), especificamente, as atividades totalizaram de 5 a 15% do esperado, uma vez que a colheita foi iniciada no final de abril. Assim como no Espírito Santo, há reclamações de escassez de mão de obra na região mineira, o que tem atrasado a colheita. No restante das praças, ainda há muito café verde nas lavouras e espera-se que os trabalhos sejam concentrados apenas após a segunda quinzena de junho.
A colheita da temporada 2022/23 do robusta ganhou ritmo em maio, sobretudo na segunda quinzena. Dados levantados junto a colaboradores do Cepea indicam que de 40% a 50% da safra esperada havia sido colhida em Rondônia até o fim do mês. No Espírito Santo, o volume colhido somou entre 15% e 25% do total esperado. Colaboradores da região capixaba consultados pelo Cepea relatam dificuldades na contratação de mão de obra para a colheita, o que, de certa forma, limita a evolução das atividades. No geral, a quantidade de café novo disponível no spot nacional ainda esteve baixa no fim de maio, uma vez que a maior parte dos vendedores seguia afastada das negociações. Cafeicultores comercializaram apenas o necessário para o custeio das atividades – ressalta-se que, com a elevação dos preços do robusta em 2021, muitos produtores estavam com o caixa mais folgado.
Em maio, mesmo diante da retração vendedora, o preço do robusta recuou. Entre 29 de abril e 31 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, caiu 83,73 Reais/sc (ou -10,57%), fechando a R$ 708,25/sc no dia 31. Além da pressão da safra, os valores externos do robusta também recuaram em parte do mês. Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), os futuros do robusta foram pressionados por perspectivas indicando menor consumo da variedade, devido à guerra entre Ucrânia e Rússia – os russos são o segundo maior consumidor do robusta brasileiro. Já no encerramento do mês, preocupações com o clima no Brasil e fatores técnicos deram certa sustentação aos preços externos.