Após operarem em patamares próximos dos R$ 1.500/saca de 60 kg em fevereiro, as cotações domésticas do café arábica vêm recuando com força ao longo de março, fechando na casa dos R$ 1.200/sc nas duas últimas semanas. Nessa terça-feira, 29, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.202,21/sc, forte queda de 74,76 Reais/sc (-5,9%) frente ao da terça anterior, 22. Na parcial do mês (de 25 de fevereiro a 29 de março), a queda do Indicador é de expressivos 232,22 Reais/sc (-16,2%). Segundo pesquisadores do Cepea, a desvalorização do arábica é reflexo das baixas do dólar e dos futuros da variedade. Nessa terça-feira, a moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 4,76, queda de 3,2% em relação à terça anterior, 22, e de 7,46% na parcial do mês. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), a pressão vem da guerra entre Rússia e Ucrânia, que reforça as incertezas globais e faz com que investidores troquem suas posições no café por commodities mais rentáveis. Além disso, o atual contexto traz dúvidas sobre o consumo da bebida. Segundo pesquisadores do Cepea, a baixa dos preços do arábica e o cenário de incertezas – tanto em relação aos valores da commodity quanto aos custos de produção – mantêm vendedores afastados do mercado spot nacional. Assim, apenas alguns negócios envolvendo poucos volumes vêm sendo concretizados. Para o robusta, os preços domésticos também têm recuado, mas de forma mais leve. Nessa terça-feira, 29, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 769,74/sc de 60 kg, quedas de 0,48% frente ao do dia 22 e de 4,35% (ou de 35,04 Reais/sc) no acumulado do mês – a retirar no Espírito Santo.
ARROZ: INDICADOR SOBE 3,6% NO ACUMULADO DO MÊS
Os preços do arroz apresentaram importante recuperação neste mês, com a média ponderada do estado do Rio Grande do Sul, representada pelo Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros e pagamento à vista), saindo de R$ 73,92/saca de 50 kg no último dia útil de fevereiro para R$ 76,59/sc nessa terça-feira, 29, alta de 2,67 Reais/sc (+ 3,6%) no acumulado parcial do período. No dia 24, especificamente, o Indicador atingiu R$ 76,94/sc, o maior patamar nominal registrado desde o fim de agosto de 2021. Segundo colaboradores do Cepea, a presença mais ativa de compradores no mercado na última semana influenciou este aumento, com os agentes indicando também ligeira melhora nas transações do beneficiado. Além disso, a valorização do Real em relação ao dólar motivou vendedores a permanecerem firmes nos preços pedidos no spot. Vale considerar que, desde o início da nova temporada, muitas empresas apostavam em maior volume na safra atual, com cotações em queda, o que não foi observado.
ALGODÃO: COM FORTE ALTA EXTERNA, PREÇO SOBE NO BR E RENOVA MÁXIMA NOMINAL
Os preços domésticos do algodão em pluma seguem em alta e renovando os recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em 1996 para este produto. O avanço está atrelado à posição firme de vendedores e, sobretudo, à forte valorização dos contratos da pluma na Bolsa de Nova York (ICE Futures). Entre 22 e 29 de março, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma subiu 3,25%, fechando a R$ 7,2799/lp na terça-feira, 29. Na parcial de março, a elevação é de 5,72%. Segundo colaboradores do Cepea, boa parte das indústrias tem utilizado produtos em estoque e/ou recebido a matéria-prima de contratos a termo, evitando adquirir novos lotes nos atuais patamares de preços. Algumas empresas trabalham com a capacidade reduzida, visto que ainda há dificuldades nas vendas e no repasse de valores ao longo da cadeia têxtil. Agentes indicam que o movimento no varejo ainda está enfraquecido, diante do fragilizado poder de compra da população. Já vendedores seguem pedindo preços maiores, o que limita a liquidez no spot. Além do preço, a qualidade também é um fator limitante para as negociações, uma vez que há divergências entre a qualidade exigida por indústrias e a disponibilizada por vendedores.