A semana começou com os fundos + especuladores liquidando e “rolando” as posições do vencimento Maio-23 para o próximo vencimento Julho-23. O Maio-23 abriu com leve alta porém não conseguiu romper a importante resistência @ +184,00 centavos de dólar por libra-peso (em busca da próxima resistência da média móvel dos 200 dias (encerrou a semana @ 187,83 centavos de dólar por libra-peso). Na sequência o mercado “virou” com volume diário voltando a negociar acima dos +53.000 lotes.
O Maio-23 chegou a cair -1.800 pontos ou -9,70% (máxima/mínima/fechamento respectivamente @ 184,00 / 166,15 / 170,50 centavos e dólar por libra-peso). Em R$/saca a queda foi ainda maior com o R$ voltando a valorizar +3,71% (máxima/mínima/fechamento respectivamente @ 5,25 / 5,055 / 5.0690 R$/US$).
O Maio-23 ficou a “apenas” +400 pontos do suporte da média-móvel dos +50 dias, porém continua “encaixotado” entre o suporte/resistência do indicador da “Banda de Bollinger*” dos +50 dias, respectivamente @ +161,50 / +192,02 centavos de dólar por libra-peso. As médias-móveis dos +50 dias e dos +100 dias continuam sendo importantes resistências a serem superadas (+176/+177 centavos de dólar por libra-peso).
As justificativas para as quedas em NY foram novamente as expectativas para a próxima safra 23/24 brasileira ser “grande/cheia”, vir acima dos +63/65 milhões de sacas e o medo com a inflação descontrolada na Europa e recessão nos Estados Unidos.
O clima melhorou nas principais zonas produtoras (permitindo ao produtor realizar os últimos tratos na lavoura). Agora o mercado está de olho na fase final da granação e no início da colheita do café tipo robousta prevista para começar já a partir do próximo dia 10 de abril.
A inflação divulgada na Inglaterra superou os +9% apenas no mês de fevereiro-23! E a inflação na zona do euro continua acima dos +10% ao ano. Novos aumentos nas taxas de juros já são dados como certo nas próximas reuniões do Banco Central inglês e do BCE*. Além da guerra entre Ucrânia e Rússia outros países estão enfrentando problemas internos (como França e Alemanha) e o risco da crise afetar a demanda pelo café também contribuiu com a aversão ao risco.
Outra justificativa para a queda nos preços pode ter sido o próximo vencimento das opções do contrato Maio-23 na próxima quinta-feira, dia 13 de abril 23!
Pela posição abaixo, aparentemente a aposta está com os “comprados” apostando no Maio-23 encerrando entre +170/+180 centavos de dólar por libra-peso e os “vendidos” apostando com o Maio-23 podendo buscar até mesmo os +160/+155 centavos de dólar por libra-peso! Entre os strikes +180/+150 existem aproximadamente +15.115 lotes de opções de venda “put*” em aberto!
Como sempre, algumas opções “fora do dinheiro” e com “uma pequena probabilidade em serem exercidas”, que não valiam “nada” explodiram (como por exemplo as opções de venda “put*” strikes +180/+175/+170/+165/+160). A opção de venda “put*” com strike/vencimento @ +170 centavos de dólar por libra-peso praticamente triplicou de valor na semana (saindo de +1,30 pontos para +3,89 pontos ou aproximadamente saindo de +8,75 R$/saca para +26,15 R$/saca). Já na posição dos comprados, as opções de compra “call” estão “brigando para não virarem pó”. Será que vamos ver um movimento inverso na próxima semana onde agora será a vez dos “comprados esquizarem os vendidos”?
Segundo a última posição do CFTC* os fundos + especuladores terminaram o período ainda comprados em +1.660 lotes (reduziram a posição em -1.350 lotes).
Os estoques certificados terminaram a semana novamente em queda com +742.894 lotes. E, segundo a Cecafé*, as exportações brasileiras em Março-23 deverão ficar ao redor dos +3.200.000 sacas (+33,54% acima das exportações em fev-23 e -15,33% e -16,98% comparando respectivamente com março-22 e marco-23).
Como já falamos aqui, apesar do produtor sempre desejar por preços melhores para sua produção o “mercado” sempre se ajusta buscando o “menor custo de produção”. Em casos de escassez o mercado “incentiva” o produtor com preços mais altos para estimular expansão e quando o mercado estima oferta maior que a demanda os preços são “derrubados” para o “mercado” voltar a trabalhar dentro da “normalidade” e equalizar a “oferta x demanda”.
Nessas oscilações, nesses movimentos bruscos, o produtor deve ficar muito atento para aproveitar as oportunidades que o “mercado” proporciona para realizar sua operação de hedge/proteção. Se a safra 23/24 atravessar o inverno sem problemas e a produção vier acima dos +62/+65 milhões de sacas poderemos ver o mercado interno voltando a negociar abaixo dos +900 R$/saca! Poderá voltar a subir? Creio que sim. Mas como sempre venho “insistindo”, o produtor necessita aprender a utilizar as ferramentas que o mercado oferece e se proteger garantindo sempre o “direito mas não a obrigação” em vender X mil sacas pelo preço mínimo do seguro adquirido.
Para a safra 24/25, mesmo com a taxa Selic* @ +13,75%, os bancos estavam oferecendo operações de “trava futura” usando o NDF (Non-Deliverable Forward – um contrato a termo de moeda com liquidação financeira) com base no R$ spot @ 5,08 R$/US$ e com vencimento para 30 de agosto de 2024 “comprando @ +5,48 R$/US$ e vendendo @ +5,60 R$/US$” – considerando o fechamento da operação “no meio do caminho, @ 5,54 R$/US$” os bancos estão “corrigindo” o R$/US$ em apenas +9,25% por 17 meses – ou apenas +0,51% ao mês equivalente a apenas +6,31% ao ano.
** Atenção pois os bancos devem estar vendo alguma coisa além de nós “meros mortais”.
Mesmo assim, para a safra 24/25 o mercado ainda está dando oportunidade para o produtor garantir um “piso/teto” para a próxima safra 24/25 entre +980 / + 1.353 R$/saca:
Continuo positivo para o médio-prazo, porém existem muitas variáveis entre o “hoje” e a próxima safra 24/25, tais como: como serão os 2 próximos invernos no Brasil; como serão as exportações brasileiras até 30 de junho 2023; qual será o estoque de passagem da safra 22/23 para a próxima safra 23/24; qual o tamanho final da safra 23/24; como será a próxima florada da safra 24/25; como será a próxima safra do Vietnam (se toda essa conversa do produtor vietnamita estar mudando de cultura for “balela” e a produção vier novamente acima dos +30 milhões de sacas e a safra brasileira acima dos +62 milhões de sacas o “índice estoque x consumo” voltará a patamares razoáveis – e toda a análise do comentário semanal anterior não terá mais sentido – e o “barril de pólvora poderá virar um barril d’água”); vamos ter aumento no consumo mundial acima de +1% ao ano ou a inflação nos Estados Unidos e na Europa irá derrubar a demanda?
Dessa forma, seguimos recomendando proteção ao produtor, seja comprando o seguro contra a queda do mercado (opção de venda “Put*”) ou comprando alguma estrutura “Put-Spread”. Se o produtor decidir realizar a venda futura para a cooperativa/trading com preço fixo, em R$/saca, para as próximas safras 24/25 em diante, então compre uma opção de compra “call*” fora do dinheiro para se proteger contra eventual quebra na sua safra e/ou participar em eventual melhora nos preços.
Não recomendamos “não fazer nada” e ficar apenas “olhando e torcendo” por preços melhores. O produtor já perdeu muitas oportunidades quando R$ spot chegou a negociar acima dos +5,50 R$/US$ e o Set-23 chegou a negociar @ +240 centavos de dólar por libra-peso e o Set-24 a negociar acima dos @ +215 centavos de dólar por libra-peso.
Como sempre, protejam-se!
Boa semana a todos!