A semana foi tensa e deverá continuar assim até a próxima “super quarta” – dia 21 de setembro – quando tanto o FED* quanto o Banco Central Brasileiro irão divulgar os novos aumentos / manutenção (Brasil) da taxa básica de juros. Os dados preliminares divulgados nessa semana nos EUA (sinalizando um mercado interno ainda robusto e aquecido) levaram o mercado a acreditar que o FED* deverá aumentar os juros em pelo menos +0,75 pontos (alguns bancos/analistas apostam no aumento em +100 pontos). O eventual aumento dos juros americanos no próximo dia 21 levou o US$ a se fortalecer frente as demais principais moedas. O R$ chegou a desvalorizar -4,12% (negociou na mínima da semana @ 5,31 R$/US$) e terminou a sexta feira cotado @ 5,26 R$/US$.
Na semana o R$ desvalorizou -3,50% e o café Dez-22 -5,70%. O Dez-22 chegou a cair -1.900 pontos (máxima/mínima/fechamento respectivamente @ 230,05 / 211,35 / 215,10 centavos de dólar por libra-peso). Os fundos + especuladores liquidaram aproximadamente -4.767 lotes e terminaram o período ainda comprados em +26.032 lotes. Mesmo com essa forte queda / volatilidade o volume médio diário negociado ficou muito abaixo do esperado – aproximadamente “apenas” +25.400 lotes. Em outros momentos, quando o mercado oscilou -500/-1.000 pontos em 1 único dia o mercado já chegou a negociar +50/60/80 mil lotes (para os “Tomé” de plantão, por exemplo, no dia 05 de agosto de 2022 o mercado chegou a negociar +84.070 lotes quando o Set-22 oscilou -1.030 pontos).
A consultoria Safras e Mercado divulgou revisão na sua estimativa para a produção brasileira de café safra 2022/23 para +58,2 milhões x previsão anterior em +61,10 milhões de sacas – uma redução total em -2,90 milhões de sacas. Houve uma redução em -3,60 milhões de sacas na estimativa da produção do café tipo arábica (agora +35,30 milhões de sacas) e um aumento em +0,70 milhões de sacas no café tipo robusta (agora +23,00 milhões de sacas).
As estimativas para a produção do café tipo arábica e do café tipo robusta continuam oscilando muito (entre +25,00 / +44,50 milhões de sacas para o café tipo arábica e entre +15,00 / +23,40 milhões de sacas para o café tipo robusta). Considerando os “extremos” das estimativas das principais casas/analistas do mercado, então a safra brasileira 22/23 oscila entre +40,00 / 67,90 milhões de sacas! Estimativas iniciais acima dos +60,00 milhões de sacas foram apontadas inicialmente pela Hedgepoint, Citigroup (NYSE:C), Rabobank, Ecom, Comexim, Itaú-BBA, Safras e Mercado, Volcafé, Atlântica, USDA*. E estimativas para a safra 22/23 inferior a +54,00 milhões de sacas apenas a Conab*, SpillingtheBean, e a Sincal*.
Outro fator que ajudou a “derrubar” o mercado foi a ocorrência das chuvas em algumas regiões produtores. Infelizmente choveu muito pouco em algumas áreas (entre +5mm / +30mm) e praticamente nada em outras. Porém o “mercado” está apostando que as chuvas foram abundantes e suficientes para recuperar a próxima safra 23/24 com o Brasil voltando a ter uma safra superior a +65,00 milhões de sacas!
E, na sexta-feira a GCA* publicou os estoques americanos refletindo um aumento em +226 mil sacas, sinalizando uma redução na demanda americana. Ora, esse aumento nos estoques americanos durante o pico do verão americano (onde tivemos temperaturas recordes em muitos estados) já não era esperado? Esse aumento “significativo” nos estoques representa apenas 2 dias das exportações brasileiras! Ou aproximadamente 0,50 dias do consumo mundial. Ou seja, “nada”! Os estoque do CGA* aumentaram +226 mil sacas porém os estoques certificados caíram novamente (na semana aproximadamente -65.000 sacas).
Os estoques certificados voltaram a cair e terminaram a semana em +532 mil sacas. Durante a próxima semana deverá ficar, pela primeira vez durante os últimos 23 anos, abaixo dos +500.000 sacas! Será que isso vai ajudar os fundos + especuladores a voltarem às compras com maior apetite?
Em R$/saca, os preços internos retraíram aproximadamente +100 R$/saca. Os preços voltaram a negociar entre +1.150/1.250 R$/saca. Já o café tipo cereja continua sendo valorizado e negociando acima dos +1.300 R$/saca (e já está virando um produto raro no mercado).
Segundo a projeção da Cecafé, neste mês de setembro-22 o Brasil deverá exportar novamente +3,00 milhões de sacas! Esse volume elevado irá “calar a boca” de muitos “analistas baixistas” que estão justificando/apostando que no “mercado invertido as compras serão prorrogadas e reduzidas ao mínimo possível”! Será? Os embarques estão mostrando justamente o contrário! Melhor embarcar agora enquanto ainda tem café ou “pagar para ver” e ficar sem produto durante o primeiro semestre de 2023?
O sr. Antonio Francisquini (maior produtor de café brasileiro e do mundo) deu nova entrevista informado uma quebra na sua safra 22/23 acima de -70%. Estimava uma safra acima dos +650.000 sacas e colheu apenas +140.000 sacas!
Ora, vamos acreditar na experiência/números do sr. Francisquini ou nas previsões do USDA* e outras casas/agências/bancos que nunca foram visitá-lo?
Os fundamentos seguem positivos para o médio prazo. E até mesmo para o longo prazo (pois muitos produtores já estão reportando quebras irreversíveis na produção do café tipo robusta – em função do forte vendaval que ocorreu no estado do Espírito Santo logo após a florada. E muitos produtores já estão muito receosos onde a safra do café tipo arábica também não irá se recuperar com as chuvas pois a seca até o momento já prejudicou a “super safra 23/24).
Seguimos recomendando muita calma nessa hora. E, nossa recomendação continua sendo a mesma:
– Produtores vendidos com travas para as próximas safras 23/24, 24/25, 25/26: procurem comprar seguro contra a alta comprando opções de compra “Call*” ou estruturas “Call-Spreads*”. Ou, realizem operações de “wash-out” com seus clientes aproveitando esse momento de preços mais baixos;
– Produtores “Long”: projetam-se garantindo um preço mínimo para sua safra/produção através da compra de opções de venda “Put*” ou estruturas “Put-Spreads*”, deixando o “upside*” em aberto.
Ainda tem muita coisa para acontecer entre “hoje” e o início da próxima safra 23/24: – próxima “super-quarta”; chuvas ou “não chuvas” nos próximos 10-15 dias; eleições no Brasil; inverno europeu / americano / hemisfério norte; colheita na América Central/Colômbia; possível novo aumento de juros na Inglaterra e na zona do Euro; aumento nos custos de produção ao redor do mundo; e finalmente o risco de geadas durante próximo inverno brasileiro em 2023!
No curto prazo o Dez-22 precisa voltar a negociar acima da média móvel dos 50 dias @ 217 centavos de dólar por libra-peso. Caso contrário poderá buscar os +200/+196 centavos de dólar por libra-peso. Depois, com calma, o Dez-22 precisará romper as próximas resistências @ 220 / 222,90 / 226 / 230 / 235 / 239 centavos de dólar por libra-peso!
Aproveitem as oportunidades que o “mercado” oferece! E protejam-se!!
Entre os dias 24-agosto/26-agosto o Dez-22 chegou a negociar a +242,95 centavos de dólar por libra-peso e o R$ entre +5,14/+5,08 R$/US$!
Ótima semana a todos!