As cotações domésticas do café arábica registraram altas significativas nos últimos dias, tendo ultrapassado a casa dos R$ 1.500,00/saca de 60 kg. De acordo com pesquisadores do Cepea, o impulso vem dos expressivos ganhos na Bolsa de Nova York (ICE Futures), que refletem preocupações quanto à oferta global neste ano. Na quarta-feira, 9, especificamente, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.555,19/sc, novo recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. Em termos reais, os preços são os maiores desde dezembro de 1999 (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/22). A valorização também atraiu vendedores ao mercado nacional, permitindo o fechamento de negócios em maior volume. No entanto, nessa terça-feira, 15, o Indicador do arábica registrou queda de 0,7% frente à terça anterior, pressionado pela queda do dólar frente ao Real, fechando a R$ 1.499,37/sc. Para o robusta, os preços acompanharam o movimento de valorização do arábica até o dia 9, voltando a cair a partir da quinta, 10. A liquidez interna, no entanto, não avançou durante as altas, uma vez que a maior parte dos vendedores segue retraída. Agentes consultados pelo Cepea acreditam que produtores devem negociar maiores volumes apenas com o início da colheita da safra 2022/23, a fim de custear as atividades. Nessa terça-feira, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima fechou a R$ 823,87/sc, recuo de 0,56% frente à terça anterior.
ARROZ: COLHEITA SE INICIA NO RS; OFERTA NACIONAL PODE SER 10% MENOR
A colheita da safra 2021/22 de arroz começou neste mês no Rio Grande do Sul. No entanto, segundo colaboradores do Cepea, produtores têm disponibilizado baixos volumes do remanescente da temporada 2020/21 no mercado spot do estado, devido às incertezas geradas pelas possíveis menores produtividade e produção do cereal por causa da estiagem. Os efeitos do clima sobre as lavouras ainda devem ser contabilizados, porém, a estimativa oficial preliminar já aponta baixa de 10% na produção nacional. Em meio às incertezas quanto à temporada 21/22, à cautela vendedora e à disponibilidade reduzida, o Indicador do arroz em casca ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros (média ponderada para o estado do Rio Grande do Sul e pagamento à vista), fechou em R$ 72,34/sc de 50 kg nessa terça-feira, 15, significativo avanço de 6,16% frente à terça anterior, 8. No acumulado parcial de fevereiro, o Indicador registra alta de expressivos 13%.
ALGODÃO: PRESSÃO COMPRADORA E QUEDAS EXTERNAS E DO CÂMBIO ENFRAQUECEM PREÇO NO BR
Os valores do algodão em pluma oscilaram ao longo da última semana, ora sustentados pela postura firme de vendedores, ora pressionados pelos menores preços ofertados pelas indústrias para novas aquisições no spot. No entanto, as desvalorizações externa e cambial e, consequentemente, a queda na paridade de exportação acabaram prevalecendo e resultando em baixas nas cotações internas. Segundo pesquisadores do Cepea, parte das indústrias segue utilizando a matéria-prima estocada e/ou de contratos, enquanto outras unidades têm interesse em aquisições no spot, mas apenas para atender a necessidades imediatas e/ou alguma reposição, alegando dificuldades no repasse da valorização da pluma aos produtos ao longo da cadeia têxtil. Os vendedores, em especial os cotonicultores, estão um pouco mais flexíveis quanto aos preços, mas sem grandes necessidades de venda. Assim, agentes ainda têm dificuldades em acordar tanto o preço como a qualidade dos lotes disponibilizados, contexto que limita a liquidez doméstica. Entre 8 e 15 de fevereiro, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma recuou 0,4%, fechando a R$ 7,0221/lp na terça-feira, 15. Na parcial de fevereiro, porém, o Indicador registra alta de 0,57%.