ARÁBICA
Em julho, com o andamento da colheita seguindo sem grandes problemas no Brasil, os externos do arábica recuaram com força, pressionando as cotações do grão no mercado doméstico. A média mensal do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica foi de R$ 439,24/saca de 60 kg, recuo de 2,9% em relação à média de junho. No final de julho, os preços já se aproximavam dos R$ 430,00/sc. No comparativo com julho/17, as cotações registraram baixa de 10,1% (valores deflacionados pelo IGP-DI junho/2018). No cenário externo, além do clima favorável durante a colheita, os futuros foram pressionados por movimentos técnicos e pela valorização do dólar. Em julho, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 112,65 centavos de dólar por libra-peso, forte queda de 5,1% em relação a junho. O dólar teve média de R$ 3,826, alta de 1,2% na mesma comparação.
Mesmo com o avanço da colheita, os negócios no mercado físico seguiram em baixo ritmo durante o mês. A queda nos preços externos da variedade e a alta oscilação do dólar mantiveram boa parte dos agentes afastada e apenas alguns novos negócios ocorreram nas últimas semanas do mês. Além disso, do lado vendedor, produtores têm dado preferência a entregas programadas e ao cumprimento de contratos, negociando no spot apenas quando há necessidade de caixa. Também vale ressaltar que, com os menores patamares das cotações, alguns produtores com necessidade de se capitalizar têm preferido adiantar as entregas futuras em vez de negociar no mercado físico. No cenário atual, a expectativa para as próximas semanas é de que as negociações sigam em menor ritmo, com os negócios ocorrendo em função da necessidade dos compradores ou vendedores.
SAFRA 2018/19 – O clima seguiu firme em julho, favorecendo os trabalhos de campo nas regiões produtoras de arábica. Se, por um lado, no Noroeste do Paraná, os trabalhos foram praticamente finalizados em julho, por outro, em Garça (SP) e no Sul de Minas, a colheita era de 60 a 70% do total até o final do mês, segundo colaboradores do Cepea. No Cerrado Mineiro, os trabalhos estavam próximos dos 60% da produção esperada. Já na Zona da Mata (MG), após os atrasos iniciais devido às chuvas, as atividades começam a ganhar mais ritmo, sendo que o volume colhido se aproximava dos 50%. Apesar de alguns problemas inicias de peneira e grãos mais cascudos no Noroeste do Paraná, Cerrado e nas praças paulistas de Garça e Mogiana, no geral, os lotes mais recentes a chegarem no mercado já tem apresentado melhora neste aspecto. Em relação à bebida, com exceção da Zona da Mata, todas as regiões têm apresentado uma excelente qualidade de bebida. Na Zona da Mata, o clima mais úmido nos últimos meses, além de ter atrasado a colheita, reduziu um pouco a qualidade dos grãos, que têm apresentado bebida inferior ao restante das regiões, segundo agentes. Apesar do bom avanço em julho, nas próximas semanas o ritmo da colheita pode diminuir no País, devido às chuvas previstas nas principais regiões produtoras no início de agosto.
ROBUSTA
Após três meses em alta, os preços do café robusta voltaram a recuar no mercado brasileiro em julho. Além da queda dos valores externos, as cotações foram pressionadas pelo avanço da colheita volumosa no País. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 332,38/saca de 60 kg em julho, queda de 0,9% na comparação com junho. Em relação a julho/17, o recuo foi de 24,2% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI junho/2018). Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 323,90/sc, baixa de 0,7% no mesmo comparativo, e queda de 24,6% no ano. No mercado externo, as cotações foram influenciadas por fatores técnicos, pelo câmbio, pelo andamento da safra brasileira de robusta e pela expectativa de superávit na safra 2018/19. O contrato Setembro/18 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.644,00/tonelada em 31 de julho, queda de 2,7% na comparação com 29 de junho.
Em relação à liquidez interna, negócios ocorreram durante todo o mês, mas em menor ritmo do que em junho. Com a desvalorização do robusta, muitos produtores se mantiveram mais distantes do mercado, realizando negócios conforme a necessidade de “formar caixa”. Colaboradores do Cepea também indicam que uma parte do volume de robusta comercializado no mês ainda corresponde a entregas já programadas. Além disso, houve um recuo nas exportações da variedade, devido aos menores preços e à alta volatilidade do câmbio.
SAFRA 2018/19 – A colheita de robusta foi praticamente finalizada em julho no Brasil. O tempo firme permitiu o bom andamento dos trabalhos, sendo que, até o final de julho, a colheita se encontra ente 90 e 95% do total esperado para a safra. O clima mais favorável durante o desenvolvimento desta temporada resultou em alto volume de grãos de maior qualidade e peneira e permitiu a recuperação dos cafezais no estado capixaba. Em Rondônia, onde a safra foi encerrada no final de junho, as chuvas também auxiliaram o melhor padrão do robusta. Para agentes, o clima mais propício nesta temporada deve resultar em uma colheita superior à estimada pela Conab, de 13,7 milhões de sacas de 60 kg de café robusta, se aproximando dos 15 milhões de sacas, cenário que deve manter as cotações em patamares mais baixos.