O ano de 2020 foi marcado por preços elevados dos cafés arábica e robusta. No primeiro semestre, as cotações foram sustentadas por incertezas quanto à oferta de café. Naquele período, além da menor produção de arábica de 2019/20, a pandemia de coronavírus trazia preocupações relacionadas à logística mundial, e alguns países, como a Colômbia, tiveram problemas de mão de obra para colheita. Do lado da demanda, o cenário de incertezas também impulsionou as compras para “estocagem” de produtos, favorecendo especialmente as vendas de robusta. Já na segunda metade do ano, apesar da pressão inicial da colheita de uma safra 2020/21 elevada no Brasil e das preocupações quanto ao consumo, devido ao fechamento de bares, restaurantes e cafeterias, os preços domésticos foram sustentados pela elevação do dólar frente ao Real e pela demanda ainda firme. O clima desfavorável (seca e calor) até meados de outubro e seus possíveis impactos sobre a próxima temporada (2021/22) reforçaram as altas nos preços (tanto em Reais como em dólares), sobretudo do arábica.
TRIGO: PREÇOS OSCILAM EM 2020, MAS PERMANECEM ELEVADOS FRENTE A ANOS ANTERIORES
Os preços do trigo e de seus derivados oscilaram com maior intensidade ao longo de 2020, mas, no geral, se mantiveram elevados frente a anos anteriores. No caso da matéria-prima, os valores iniciaram o ano em alta, movimento que teve início em outubro de 2019 e que foi influenciado pelo dólar valorizado, por dificuldades na importação e, mais recentemente, pela firme demanda interna. Já no fim de 2020, a intensificação dos trabalhos de campo e a finalização da colheita pressionaram as cotações do cereal no mercado interno. No entanto, na média do ano, as cotações domésticas estiveram acima das verificadas em 2019, em termos nominais. No mercado de derivados, apesar da covid-19, o abastecimento de farinhas e farelos permaneceu estável, e a demanda, aquecida. Destaca-se que as massas destinadas a macarrão estiveram entre os itens mais procurados pelos consumidores finais durante a pandemia. Dessa forma, as cotações das farinhas e dos farelos permaneceram em alta em 2020, influenciadas também pelo significativo aumento no preço do trigo em grão e, consequentemente, pelo repasse desses valores aos derivados, já que os moinhos operaram com margens apertadas.