ARÁBICA
As cotações internas do café arábica seguiram em queda em setembro, devido à baixa externa e à desvalorização do dólar em parte do mês. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica foi de R$ 415,39/saca de 60 kg, recuo de 1,3% em relação à média de agosto – vale ressaltar que especificamente no dia 26, o Indicador atingiu o menor valor real desde janeiro de 2014, de R$ 403,95/sc (valores deflacionados pelo IGP-DI agosto/2018). Em comparação com o mesmo período do ano passado, a baixa foi de 23,8%. Além disso, a forte retração de agentes, principalmente vendedores, deixou a liquidez baixa em setembro. Apenas nos últimos dias do mês, após uma acentuada recuperação dos futuros de arábica, um número significativo de negociações foi registrado. A expectativa de agentes é que o mercado melhore após a finalização das entregas futuras, que normalmente ocorre em outubro.
No cenário externo, as cotações foram influenciadas pela safra recorde em 2018/19, pelas boas condições climáticas para o desenvolvimento da próxima temporada, pelos movimentos técnicos e, especialmente, pela forte valorização do dólar. Em setembro, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 101,12 centavos de dólar por librapeso, queda de 4,9% em relação a agosto. O dólar registrou média de R$ 4,106, forte alta de 4,4% na mesma comparação.
CAMPO – A colheita da safra 2018/19 do arábica foi praticamente finalizada em setembro, restando apenas uma pequena parcela de grãos nos terreiros para ser beneficiado e o trabalho em algumas lavouras tardias. Quanto ao clima, foi mais chuvoso no mês. Com exceção do Cerrado Mineiro, em setembro, todas as regiões acompanhadas pelo Cepea apresentaram precipitações acima dos 60 mm. Apenas no Noroeste do Paraná, as chuvas chegaram a 135,2 mm na estação de Londrina. Já no Cerrado, foram registrados apenas 35,6 mm na estação de Patrocínio. Os dados são do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). O clima mais úmido no mês, apesar de atrapalhar levemente o trabalho no campo, auxiliou na recuperação dos cafezais após a colheita e proporcionou condições para a abertura de uma nova florada no País. Até a última semana de setembro, as flores correspondiam de 60% a 80% do potencial dos cafezais nas praças paulistas de Garça e Mogiana, na Zona da Mata (MG) e no Sul e Cerrado Mineiro. No Noroeste do Paraná, onde uma boa florada já havia aberto em agosto, as flores já correspondem a 100% das lavouras. A previsão para outubro, segundo a Climatempo, é de clima predominantemente seco e quente no Sudeste e Centro-Oeste do País e de chuvas acima da média no Sul, devido à possível influência do El Nino. Assim, se este cenário se confirmar, o pegamento das flores de grande parte das regiões produtoras pode ser afetado
ROBUSTA
Em setembro, as cotações do café robusta se mantiveram praticamente estáveis no mercado doméstico, devido à alta internacional da variedade, à valorização do dólar e à maior procura do grão pelas indústrias torrefadoras. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 319,38/saca de 60 kg no mês, estável (+0,04%) na comparação com agosto. Em relação à média de setembro/17, entretanto, caiu 32,55% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI agosto/2018). Para o tipo 7/8 bica corrido, a média foi de R$ 310,64/sc, baixa de 0,4% frente a agosto e de 27% no ano. Com as oscilações nas cotações, os negócios fechados no mês ocorreram especialmente em dias de altas externas e do dólar. Vale (SA:VALE3) apontar que a valorização da moeda norte-americana em boa parte de setembro também elevou o interesse pela exportação do robusta.
No mercado externo, as cotações tiveram leve alta, por causa do menor desempenho das exportações na Indonésia, menor oferta no Vietnã – a colheita no país asiático inicia-se em meados de outubro – e movimentos técnicos. O contrato Novembro/18 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1554,00/tonelada no dia 28 de setembro, alta de 3,5% na comparação com 31 de agosto.
CAMPO – O clima seguiu favorável para o desenvolvimento da safra 2019/20 de robusta no Espírito Santo e em Rondônia. As chuvas ao longo do mês auxiliaram na condição fisiológica dos cafezais e permitiram a abertura do restante das flores em ambas as praças – até a primeira quinzena, 100% dos cafezais apresentavam florada. Até o momento, não foram registrados problemas com o pegamento das flores de ambas as regiões, sendo que, em Rondônia, algumas lavouras já entraram em fase de desenvolvimento do chumbinho. A expectativa de agentes consultados pelo Cepea é que, caso o clima siga favorável, a safra 2019/20 apresente uma excelente produção, semelhante à temporada atual (2018/19). Assim, agentes do setor devem voltar as atenções para o possível desenvolvimento do El Niño nos próximos meses.