ARÁBICA
As cotações domésticas do café arábica tiveram forte recuperação em setembro, impulsionadas pelas altas dos valores externos da variedade e do dólar. Além disso, vendedores estiveram afastados do mercado. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 430,62/saca de 60 kg em setembro, elevações de 5,3% em relação à de agosto/19 e de 0,2% frente à de setembro/18, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de ago/19). A média de setembro também foi a maior desde dezembro/18, em termos reais. No cenário externo, as cotações foram impulsionadas por fatores técnicos e pelas preocupações quanto ao clima mais firme no Brasil em parte de setembro e o possível impacto sobre a produção da safra 2020/21. A média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em agosto foi de 101,12 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3% em relação ao mês anterior. Quanto ao dólar, fechou a R$ 4,123, avanço de 2,5%. Apesar da forte recuperação dos preços domésticos em setembro, a liquidez interna seguiu mais limitada, com negócios sendo fechados apenas pontualmente no spot, devido à retração vendedora. Grande parte dos produtores esteve focada na finalização das entregas previamente programadas em setembro.
Campo – Após o clima mais firme em boa parte de setembro, chuvas voltaram a regiões produtoras de café arábica no final do mês. As precipitações aliviaram produtores, visto que devem favorecer a abertura de novas floradas e o pegamento das flores que já se abriram. As precipitações foram volumosas especialmente na Mogiana (SP) e no Sul e Cerrado Mineiros. Já na Zona da Mata (MG), Garça (SP) e Noroeste do Paraná, mesmo com menores volumes, agentes ainda acreditam que as chuvas foram suficientes para a indução de floradas. Vale (SA:VALE3) apontar que, nas duas últimas praças, chuvas no início do mês já haviam induzido a abertura de flores, que correspondiam a cerca de 60 a 70% dos cafezais do Noroeste do Paraná e em mais de 80% das lavouras em Garça.
ROBUSTA
As cotações do café robusta também se elevaram em setembro, influenciadas especialmente pela valorização do dólar e pela maior demanda. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima foi de R$ 288,82/sc de 60 kg, aumento de 2,4% frente ao mês anterior. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 280,54/sc, avanço de 3% frente à de agosto. Em relação ao mesmo período de 2018, entretanto, as cotações ainda apresentam quedas de 12,5% para o tipo 6 e de 12,6% para o 7/8, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de ago/19). No front externo, o contrato Novembro/19 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.320/tonelada em 30 de setembro, baixa de 1% na comparação com o último dia útil de agosto. As cotações foram influenciadas principalmente por fatores técnicos e pela aproximação da colheita da safra 2019/20 no Vietnã. Quanto à comercialização interna, a alta dos preços permitiu o fechamento de negócios em parte do mês. Porém, de forma geral, a liquidez ainda foi limitada pela retração de alguns vendedores.
Safra 2020/21 – No início de setembro, produtores de robusta se animaram com a abertura de boas floradas no Brasil. No Espírito Santo e em Rondônia, as flores chegaram a abrir de 80 a 90% dos cafezais, segundo indicaram colaboradores consultados pelo Cepea. Vale (SA:VALE3) apontar, no entanto, que o clima mais seco e quente após o início do mês voltou a deixar cafeicultores apreensivos. Na praça capixaba, além da baixa umidade, colaboradores apontaram que fortes ventos chegaram a derrubar flores em algumas regiões. Já no final de setembro, chuvas voltaram a ocorrer nas regiões produtoras, aliviando em parte a preocupação de produtores e auxiliando no pegamento das flores. Após as precipitações, agentes também esperam a abertura de uma última florada no Espírito Santo e em Rondônia.