As cotações domésticas do café arábica oscilaram com força em abril. No dia 11, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, atingiu R$ 1.287,36/saca de 60 kg, a máxima do mês, mas, já no dia 20, caiu para R$ 1.213,90/sc. Essa oscilação foi reflexo das variações dos preços internacionais do arábica e do dólar. No cenário externo, os futuros ora foram pressionados por preocupações em relação à demanda por café – devido à guerra na Ucrânia e ao novo lockdown na China –, ora impulsionados por fatores técnicos e por temores relacionados à produtividade da safra brasileira de 2022/23, tendo em vista o clima seco durante boa parte do desenvolvimento. No fim de abril, o contrato Julho/22 fechou a 222,10 centavos de dólar por libra-peso, queda de 1,9% em relação ao dia 31 de março.
O dólar, por outro lado, fechou o dia 29 de abril a R$ 4,948, valorização de 3,9% frente ao dia 31 de março. Com a elevação da moeda norte-americana e a forte retração vendedora no spot brasileiro, o Indicador do arábica fechou a R$ 1.267,35/sc no encerramento de abril, elevação de 1,9% no acumulado do mês. No campo, a colheita da safra 2022/23 de arábica vem progredindo de forma gradual nas Matas de Minas (Zona da Mata), com os lotes de café novo devendo chegar ao mercado em maio. No fim de abril, produtores das regiões de Garça (SP) e do Sul de Minas também passaram a realizar catações pontuais ou em lavouras novas. A intensificação da colheita nestas e no restante das praças deve ocorrer a partir de meados de maio, sendo que volumes mais significativos de café novo são esperados para junho.
Os valores internos do café robusta oscilaram ao longo de abril. Até meados do mês, os preços subiram, influenciados pela valorização dos futuros da variedade e pela maior demanda por parte da indústria brasileira. Assim, o robusta chegou a ser negociado acima dos R$ 826/saca de 60 kg. Já na última semana do mês, as cotações passaram a cair, pressionadas pelo crescimento da oferta de lotes da safra 2022/23. O movimento de queda foi verificado mesmo diante das fortes altas externas nesse período. No dia 29 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 791,98/sc, recuo de 1,6% frente ao dia 31 de março. Para o tipo 7/8, a média foi de R$ 781,92/sc no encerramento do mês, 0,7% inferior ao do fim de março – ambos a retirar no Espírito Santo.
Alguns negócios foram fechados ao longo do mês, envolvendo o tipo 7/8 tanto da safra nova como da remanescente. Destaca-se, no entanto, que a liquidez foi limitada, uma vez que o volume de café novo no mercado ainda foi baixo, e produtores estão mais capitalizados neste ano, vendendo sua mercadoria aos poucos. No campo, a colheita está no começo no Espírito Santo, devido ao alto percentual de grãos verdes nas lavouras. Segundo agentes consultados pelo Cepea, as atividades devem ser intensificadas em meados de maio. Em Rondônia, ainda que cafeicultores tenham começado os trabalhos na primeira quinzena de abril, o ritmo das atividades seguiu lento no restante do mês, uma vez que a maturação tem sido mais tardia nesta temporada, por conta do atraso das chuvas em 2021. A expectativa também é de aceleração das atividades em maio.