ARÁBICA
As cotações domésticas do café arábica apresentaram acentuada queda em julho, primeiro mês da safra 2019/20. Entre 28 de junho e 31 de julho, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, recuou 31,83 Reais por saca (ou 7,3%). A pressão vem da queda nos valores externos da variedade – após a forte recuperação em junho – e da desvalorização de 2,1% do dólar frente ao Real entre junho e julho. Porém, considerando-se a média mensal da variedade, de R$ 423,66, o Indicador subiu 2,8% em julho. Em relação a julho de 2018, por outro lado, as cotações domésticas do arábica registraram baixa de 8,6%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de jun/19).
No mercado externo, a média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em julho foi de 107,19 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3,1% em relação ao mês anterior. Vale (SA:VALE3) apontar que o avanço dos futuros ocorreu especialmente no início do mês, devido a preocupações quanto às geadas no cinturão cafeeiro brasileiro, além de fatores técnicos do recuo do dólar frente ao Real. Entretanto, as cotações voltaram a recuar no final de julho, devido à redução do risco do clima.
Quanto aos negócios, estiveram em ritmo mais lento em comparação com junho. No início do mês, as expectativas quanto às geadas mantiveram agentes, especialmente produtores, mais distantes do spot, atentos aos possíveis impactos nas lavouras. Posteriormente, a oscilação das cotações internas e externas influenciou na retração de agentes. Também vale apontar que produtores venderam um volume considerável de café nos mercados físico e futuro (especialmente para safra 2020/21) na última semana de junho, devido à valorização dos grãos, devendo aguardar melhores oportunidades para negociar um volume mais expressivo do grão. De forma geral, o volume já comercializado da safra 2019/20 corresponde às entregas programadas em meses anteriores e a algumas vendas pontuais, devido à necessidade de caixa de produtores. Para agentes consultados pelo Cepea, o volume já vendido de café arábica no Brasil é de 10 a 30% em julho.
CAMPO – As geadas no início de julho foram, de fato, verificadas em praticamente todas as áreas produtoras de arábica, segundo agentes consultados pelo Cepea. Os possíveis danos, no entanto, poderão ser completamente quantificados apenas nos próximos meses. Por enquanto, alguns indicam que os prejuízos devem ser pequenos. Colaboradores do Cepea acreditam que o clima prejudicou mais as lavouras do Paraná e, em menor intensidade, algumas poucas áreas em São Paulo e Minas Gerais. A maioria dos relatos de danos refere-se a cafezais localizados em baixadas. Quanto à colheita da safra 2019/20, com o tempo seco em boa parte do mês, os trabalhos seguiram em ritmo acelerado. Regionalmente, as atividades no Noroeste do Paraná já estão entre 90 e 95%. Em Garça (SP), esse percentual também é elevado, com cerca de 90%. Nas regiões da Mogiana (SP), Sul e Cerrado Mineiro, a colheita está entre 75 e 90%. Já na Zona da Mata, os trabalhos estão próximos dos 80%. Na maior parte das regiões, produtores já estão finalizando os trabalhos nas árvores, devendo seguir para a varrição nas próximas semanas. Vale (SA:VALE3) apontar que, em algumas lavouras mais adiantadas, produtores já observam a formação de alguns botões florais, segundo agentes.
ROBUSTA
As cotações do café robusta também recuaram em julho. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima foi de R$ 283,47/sc de 60 kg, 2% inferior em relação a junho. Para o tipo 7/8 bica corrida, a média foi de R$ 273,87/sc, queda de 2,2% no mesmo comparativo. Em relação ao mesmo período de 2018, a baixa é ainda mais expressiva, de 19,2% para o tipo 6 e de 19,9% para o 7/8 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI mai/19). A pressão veio da queda dos valores externos do grão, da oferta elevada no Brasil e da desvalorização do dólar.
No cenário externo, o recuo esteve atrelado à expectativa de boa oferta global, especialmente após a finalização da colheita no Brasil. O contrato Setembro/19 do robusta, negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), fechou a US$ 1.307,00/tonelada em 31 de julho, baixa de 9,9% na comparação com o último dia útil de junho. Quanto à comercialização, se manteve calma. Além da queda nas cotações, o bom volume negociado no início da colheita (entre maio e junho), devido à necessidade de caixa de produtores para a realização dos trabalhos, manteve agentes retraídos.
Segundo agentes, no Espírito Santo, maior produtor da variedade, as vendas de café desta safra correspondiam de 20% a 30% do total em julho. Em Rondônia, por outro lado, um maior volume de café foi comercializado: cerca de 40% a 50% da safra, segundo colaboradores do Cepea.
CAMPO – Beneficiada pelo clima seco e firme em boa parte de julho, a colheita da safra 2019/20 de robusta foi finalizada no mês. Em Rondônia, os trabalhos foram encerrados no início de julho. Segundo agentes, o volume colhido foi levemente abaixo do esperado na praça rondoniense, devido a problemas com o ácaro vermelho, atingindo no máximo 1,5 milhão de sacas. Já no Espírito Santo, as atividades acabaram após a segunda quinzena do mês, sendo considerada uma safra satisfatória, tanto em volume quanto em qualidade. Mesmo com os problemas climáticos no início de 2019 (veranico), o volume colhido no estado capixaba ainda esteve entre 11 e 13 milhões de sacas, semelhante à 2018/19. Vale (SA:VALE3) apontar que, após a finalização da colheita, algumas flores foram observadas nas lavouras de café robusta do Espírito Santo, estimuladas pelas poucas chuvas em meados de julho.
A florada, porém, ocorreu em pequena intensidade e de forma pontual em lavouras mais antigas, especialmente nas mais próximas ao litoral. Colaboradores do Cepea indicam que um maior volume de chuvas e temperaturas elevadas ainda são necessárias para a abertura de floradas significativas no estado. Ainda que as reservas hídricas estejam confortáveis na praça capixaba, o clima será essencial para a melhor recuperação dos cafezais após a finalização da safra 2019/20. Em Rondônia, o clima segue quente e seco, impossibilitando a abertura de floradas. Apenas algumas flores foram registradas de forma pontual, induzidas pela irrigação. Entretanto, com o tempo firme, há a possibilidade de que essas poucas flores queimem. Agentes esperam que as floradas tenham início apenas no final de agosto, quando as chuvas normalmente retornam à região.