ARÁBICA
As cotações de arábica seguiram em queda em fevereiro. Além da expectativa de uma boa safra 2018/19, os preços internos também foram pressionados pelos futuros da variedade e pelo câmbio. No mês passado, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica foi de R$ 438,32/saca de 60 kg, 1,8% inferior à de janeiro. Em relação a fevereiro de 2017, o recuo chega a 13,83%. Vale mencionar que, com as desvalorizações externas e do dólar, os preços domésticos do arábica caíram com força em meados do mês: no dia 20, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 433,39/saca de 60 kg, o menor patamar real desde fevereiro de 2014 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de jan/18). Nesse cenário, produtores seguiram retraídos, esperando melhores preços para retornar ao mercado. Já do lado comprador, muitos exportadores aguardam o início da nova temporada (2018/19) para adquirir grãos mais novos. Além disso, o mês mais curto e o recesso de Carnaval também contribuíram para a retração de agentes, dificultando os negócios. A média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) em fevereiro foi de 122,44 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,07% em relação à de janeiro. O dólar, por sua vez, teve média de R$ 3,246, avanço de 1,1% na mesma comparação.
O clima seguiu favorável na maior parte das regiões produtoras de arábica em fevereiro, auxiliando no desenvolvimento dos cafezais e na maturação dos grãos. Choveu durante quase todo o mês, mas os maiores volumes foram registrados no final do período. No Cerrado Mineiro, colaboradores indicam que as chuvas foram satisfatórias, sendo que, na estação de Patrocínio, o acumulado chegou a 241,4 mm. No Sul de Minas (Varginha), choveu 166,2 mm no mês, enquanto no Noroeste do Paraná (Londrina), choveu 116,6 mm em fevereiro. Nas regiões paulistas, os acumulados variaram: enquanto na estação de Bauru (Garça), o acumulado foi de 79,8 mm, na estação de Franca (Mogiana), o total foi de 245,8 mm. Já em Manhuaçu (Zona da Mata Mineira), as precipitações somaram apenas 27 mm no mês, porém, colaboradores indicam que, até o momento, esse cenário não prejudicou o desenvolvimento das lavouras de café arábica, cujo ritmo é considerado bom – em grande parte das regiões, a maturação está adiantada, segundo colaboradores do Cepea. Há informações de que, em alguns locais, a colheita da variedade pode ser iniciada ainda em maio, antecipando a oferta de cafés da nova temporada 2018/19, principalmente na Zona da Mata e nas regiões paulistas de Garça e Mogiana. Já no Cerrado mineiro, enquanto alguns agentes também apostam no adiantamento da colheita, outros acreditam que as atividades devem ser iniciadas efetivamente apenas em junho. No Sul de Minas e no Noroeste do Paraná, colaboradores do Cepea indicam que a colheita de arábica deve começar apenas em junho, período normal para a região. Também vale lembrar que o regime de chuvas nos próximos meses vai influenciar o calendário de colheita.
ROBUSTA
Os preços do café robusta caíram no mercado interno em fevereiro, pressionados pelas cotações externas da variedade e por um leve aumento da oferta. Alguns produtores têm ofertado um volume maior de grãos no mercado, devido à necessidade de caixa, principalmente para adubação. Entretanto, ainda tem sido difícil o fechamento de negócios mais volumosos, por conta das diferenças entre os preços pedidos e ofertados. Além disso, as indústrias de torrefação nacionais, maiores compradores da variedade, seguem distantes do mercado, dificultando as negociações. O Indicador CEPEA/ESALQ do robusta peneira 13 acima registrou média de R$ 319,12/saca de 60 kg em fevereiro, forte queda de 3,7% frente à média de janeiro. Para o tipo 7/8 bica corrida, o recuo foi de 3,7% na mesma comparação, para a média de R$ 311,03/sc. O contrato Março/18 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1770,0/tonelada em 28 de fevereiro, alta de 0,4% em comparação com o dia 31 de janeiro.
As chuvas ao longo de fevereiro aliviaram produtores de robusta, em especial no Espírito Santo, onde o clima firme e quente em janeiro já preocupava parte dos agentes – as lavouras capixabas de robusta estão em fase de enchimento de grão e longos períodos de escassez hídrica poderiam prejudicar o desenvolvimento da safra 2018/19. No acumulado do mês, a estação de Linhares (ES) registrou 145,8 mm de chuva, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), enquanto nas estações de São Mateus e Marilândia (ES), os acumulados no período foram, respectivamente, de 190,2 mm e de 191,6 mm. Apesar desse cenário possibilitar a recuperação dos cafezais e auxiliar o enchimento dos grãos (devendo elevar a produtividade), as chuvas mais constantes podem prolongar o período de enchimento dos grãos no Espírito Santo e, consequentemente, atrasar a maturação. Com isso, uma parcela dos produtores deve iniciar a colheita em meados de maio, com a intensificação apenas em junho, diferente de anos anteriores, quando a safra já começava na segunda quinzena de abril. Vale lembrar que a maturação ainda pode ser acelerada, caso as temperaturas permaneçam altas e o clima mais seco daqui para frente. Além disso, produtores podem preferir colher grãos parcialmente verdes, concentrando as atividades em maio. Já em Rondônia, colaboradores acreditam que a colheita de café robusta deve ser iniciada no final de março – assim como em safras anteriores –, com a entrada de um maior volume de grãos em abril. Porém, a maturação também pode ser atrasada no estado, caso as chuvas sejam intensas nas próximas semanas.