O mercado internacional do café registrou ganhos no acumulado desta semana, sendo puxado, inicialmente, pelo enfraquecimento do furacão Irma nos Estados Unidos e pela ausência de novos testes nucleares por parte da Coreia do Norte até ontem, o que incentivou os players a investirem em ativos de risco como as commodities.
Na sequência, os ganhos foram motivados pela seca no Brasil e pelo desempenho pouco expressivo das exportações brasileiras, o que sugere aperta na oferta.
Ontem, na Bolsa de Nova York, o contrato C com vencimento em dezembro avançou 700 pontos em relação à sexta-feira passada, cotado a US$ 1,3765 por libra-peso. Na ICE Futures Europe, o vencimento novembro do contrato futuro do robusta fechou a US$ 1.993 por tonelada, com alta de US$ 33.
No Brasil, as previsões meteorológicas são preocupantes, indicando a continuidade de tempo seco, ensolarado e quente na maioria do cinturão cafeeiro. A Somar Meteorologia informa que a umidade que vem do mar pode causar chuva fraca somente entre Bahia, Zona da Mata de Minas Gerais e norte do Espírito Santo.
A informação preocupa principalmente os cafeicultores dos Estados de São Paulo e Paraná, onde as lavouras tiveram uma florada precoce, ainda em agosto, favorecidas pelas chuvas atípicas naquele período. No entanto, sem a continuidade das precipitações, há possibilidade de não pegamento dessas flores.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apesar de haver aposta em uma boa produção de robusta na safra 2018/19, as condições climáticas para as próximas semanas são essenciais ao início do ciclo e, pelos prognósticos, setembro ainda não deve ser tão chuvoso na região Centro-Sul do Brasil.
A instituição anota, ainda, que, no Espírito Santo, mesmo com as chuvas dos últimos meses, as reservas hídricas capixabas não estão em níveis confortáveis. De acordo com o Cepea, atualmente, “com a previsão de menores volumes de chuvas neste mês, produtores devem manter a irrigação nos cafezais para favorecer o pegamento das flores", enquanto seja permitida a rega de lavouras.
Em meio a este cenário, os indicadores calculados pelo Centro de Estudos acompanharam o avanço das cotações internacionais, o que motivou os agentes a serem mais ativos no spot e a realizarem alguns negócios no começo da semana.
Porém, com a preocupação com o clima no Brasil, o mercado voltou a se acalmar. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 462,28/saca e a R$ 397,25/saca, com variações de 3,8% e 0,7% na comparação com o fechamento da semana anterior.
No Brasil, o dólar comercial avançou 1,4% frente à sexta-feira passada, sendo negociado a R$ 3,1381. A evolução foi motivada pela expectativa quanto às denúncias contra o Governo Federal, mas, à medida que o mercado interpretou que não houve novidades, a moeda devolveu parte dos ganhos a partir de ontem.