ARÁBICA
Após três meses em queda, as cotações internas do café arábica voltaram a avançar em outubro, impulsionadas pela elevação externa da variedade. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica foi de R$ 441,23/saca de 60 kg, forte avanço de 6,2% em relação à de setembro. Em comparação com o mesmo período do ano passado, entretanto, os preços ainda estão 10,2% menores (valores deflacionados pelo IGP-DI de set/18). Com a forte recuperação em relação a setembro, agentes retomaram as negociações no spot e um volume considerável foi registrado especialmente em meados de outubro. Agentes consultados pelo Cepea apontam que, com as boas vendas, o volume de café comercializado da safra 2018/19 ultrapassou os 50% da produção no mês, considerando-se todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Além das negociações no físico, agentes registraram um bom número de negócios para 2019 e 2020, após os valores ultrapassarem R$ 500,00/sc para setembro/19.
No cenário externo, as cotações foram influenciadas por fatores técnicos e pela desvalorização do dólar em boa parte do mês. A média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 117,68 centavos de dólar por libra-peso, acentuada recuperação de 16,4% em relação a setembro. O dólar registrou média de R$ 4,106, forte alta de 8,4% na mesma comparação.
CAMPO – Após as floradas de agosto e setembro, novas flores abriram nas lavouras de arábica no início de outubro. O pegamento foi beneficiado pelo bom volume de chuvas, sendo que, em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, grande parte das lavouras já estava na fase de desenvolvimento dos chumbinhos. Todas as regiões apresentaram acumulados de chuvas acima dos 110 mm, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). As regiões mais beneficiadas pelas precipitações foram o Cerrado Mineiro e o Noroeste do Paraná, com as estações de Patrocínio (MG) e Londrina (PR) registrando, respectivamente, 283 mm e 268,5 mm em outubro. Com o clima mais favorável dos últimos meses, a expectativa é de uma boa safra para o próximo ano, considerando que grande parte dos cafezais está no ciclo de bienalidade negativa. Vale apontar, entretanto, que existem relatos de que algumas lavouras do Cerrado Mineiro e Noroeste do Paraná apresentaram maior desenvolvimento de ramos vegetativos em vez de ramos florais, o que poderia levar à maior quebra nessas regiões na próxima safra. Por outro lado, agentes afirmam que estimativas mais precisas quanto à produção de 2019/20 poderão ser feitas após o enchimento dos grãos, entre janeiro e fevereiro.
ROBUSTA
Assim como para o arábica, as cotações internas do café robusta também avançaram em outubro. Os preços foram impulsionados pelo avanço externo em parte do mês e pela maior procura das indústrias de torrefação. Além disso, boa parte dos vendedores seguiu mais distante do mercado em boa parte de outubro, cenário que elevou as cotações e manteve a liquidez do robusta inferior à do arábica. Ainda assim, alguns negócios foram fechados, especialmente em dias de alta das cotações ou do dólar. Segundo agentes consultados pelo Cepea, o volume de café robusta da safra 2018/19 comercializado no Espírito Santo era de aproximadamente 60% da produção até o final do mês, enquanto que, em Rondônia, 90% do volume havia sido comprometido.
O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 331,70/saca de 60 kg em outubro, elevação de 3,8% na comparação com setembro. Em relação à média de outubro/17, entretanto, a variedade ainda apresenta desvalorização de 21,3% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI set/2018). Para o tipo 7/8 bica corrido, a média foi de R$ 322,64/sc, alta também de 3,8% frente ao mês anterior, mas queda de 21,7% no ano. No mercado externo, as cotações foram impulsionadas por movimentos técnicos e pela desvalorização do dólar. O contrato Janeiro/19 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1675,00/tonelada no dia 31 de outubro, avanço de 8,6% na comparação com 28 de setembro.
Nos próximos meses, entretanto, as cotações internacionais do grão podem ser pressionadas pela safra no Vietnã. Produtores do país asiático devem iniciar a colheita da temporada 2018/19 em novembro, sendo que, segundo agências de notícias, os trabalhos podem ser intensificados em meados do mês.
CAMPO – O bom volume de chuvas ao longo de outubro auxiliou as condições dos cafezais de robusta no Brasil, sendo que, até o final de outubro, todas as lavouras apresentavam bom pegamento dos chumbinhos. No Espírito Santo, as estações de São Mateus e Linhares registraram acumulado de 140 mm e 120,8 mm, respectivamente, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Em Rondônia, a estação de Cacoal registrou 92,8 mm. Apesar de ainda cedo, as expectativas quanto à produção em 2019/20 são boas. Agentes acreditam que, em 2019/20, caso o clima continue favorável, a produção pode ser semelhante ou até mesmo superior à 2018/19. Ainda assim, estimativas mais acuradas em relação à produção podem ser feitas após a avaliação do enchimento dos grãos, que deve ocorrer a partir de dezembro.