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Café: Arábica Recuou e Robusta Teve Pequena Alta em Fevereiro

Publicado 20.03.2019, 14:45
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ARÁBICA

As cotações domésticas do café arábica recuaram levemente em fevereiro, pressionadas pela baixa dos preços internacionais. No cenário externo, os preços foram influenciados por fatores técnicos, boas expectativas quanto à safra 2019/20 no Brasil e pela valorização do dólar em parte do mês, o que fez os futuros operarem abaixo dos 100 centavos de dólar por libra-peso em alguns momentos. Em fevereiro, a média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 102,67 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,6% em relação a janeiro. O dólar registrou média de R$ 3,721, leve baixa de 0,4% na mesma comparação.

Neste cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista teve média de R$ 407,7/saca de 60 kg em fevereiro, recuo de 0,8% em relação à do mês anterior. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a queda é mais acentuada, de 13,3%% (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/19). Vale ressaltar que, na última semana de fevereiro, o Indicador chegou a fechar abaixo dos R$ 400,00/sc, voltando a patamares reais de julho de 2014 (valores deflacionados pelo IGP-DI de jan/19).

Em relação à liquidez, com os baixos preços, grande parte de compradores e vendedores seguiu distante do mercado em fevereiro e os negócios foram limitados de acordo com a necessidade. No geral, enquanto que em janeiro cerca de 60 a 80% da safra havia sido vendida, em fevereiro (até o dia 15), o total variou de 60 a 85%. Com a aproximação da colheita da safra 2019/20, entretanto, um maior volume de negócios pode ser realizado nos próximos meses, uma vez que produtores devem “fazer caixa” para os trabalhos de campo.

SAFRA 2019/20 – Após o clima mais quente e seco em janeiro, as chuvas retornaram às regiões produtoras em fevereiro, aliviando o estresse dos cafezais e reduzindo a possibilidade de quebra expressiva em 2019/20. Para agentes consultados pelo Cepea, a safra ainda deve permanecer próxima do levantamento da Conab, divulgado em janeiro deste ano, com produção entre 50,48 e 54,48 milhões de sacas de 60 kg. Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em fevereiro, as chuvas ultrapassaram os 100 mm em todas as regiões produtoras de arábica, sendo que as estações de Patrocínio (Cerrado Mineiro) e Franca (Mogiana/SP) tiveram o maior acumulado do mês, com 224,6 e 194 mm, respectivamente. As precipitações também auxiliaram na uniformização das lavouras, após as diversas floradas observadas no início do desenvolvimento. Entretanto, vale apontar que esta próxima safra ainda deve apresentar qualidade inferior à de 2018/19, especialmente em relação à peneira e a defeitos. Em relação à bebida, as condições durante a colheita serão essenciais para determinar a qualidade. Os trabalhos devem se iniciar já em abril em algumas regiões, devido às floradas precoces em agosto. A intensificação da colheita, porém, ainda deve ocorrer apenas entre maio e junho, como usual.

ROBUSTA

As cotações domésticas do café robusta tiveram pequena alta em fevereiro, devido à baixa liquidez do mercado. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 305,15/saca de 60 kg no mês e, para o tipo 7/8 bica corrida, de R$ 295,16/sc, ambos com leve alta de 0,3% frente a janeiro. Já no comparativo com o mesmo período de 2018, o tipo 6 se desvalorizou 11%, e o 7/8, 11,6% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI jan/2019).

Enquanto produtores seguiram muito retraídos, devido aos baixos preços, compradores, especialmente torrefadores, estiveram relativamente distantes do mercado, o que evitou grande mudanças nos preços internos do robusta. Segundo agentes consultados pelo Cepea, grande parte das indústrias aproveitou os preços mais baixos dos cafés arábica inferiores, como o bebida rio, para recompor parte dos estoques, o que refletiu em menor apetite pelo robusta. Além disso, o maior volume esperado da variedade em 2019/20 aliado ao elevado volume de grãos da safra 2018/19 ainda nas mãos de produtores também tem mantido compradores afastados, devido ao cenário de ampla oferta. Em fevereiro, apesar de, em Rondônia, o percentual de café remanescente de 2018/19 não ter alcançado 5% do volume produzido, no Espírito Santo, produtores capixabas ainda detinham de 20 a 30% da safra.

No mercado externo, as cotações foram influenciadas por fatores técnicos, pelo câmbio e pela menor liquidez no Vietnã. O contrato Maio/19 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.537,00/tonelada no dia 28 de fevereiro, queda de 2,2% na comparação com o último dia útil de janeiro.

CAMPO – As precipitações também retornaram em boa parte das lavouras de robusta em fevereiro; porém, de forma mais desuniforme do que para as regiões produtoras de arábica. Em Rondônia, a estação de Cacoal registrou 420,4 mm no mês, mas, no Espírito Santo, as chuvas têm variado muito entre as regiões do estado. Enquanto em Nova Venécia (ES) o acumulado em fevereiro foi de 74 mm, em Linhares, o volume foi de apenas 2,8 mm. Além disso, as altas temperaturas ainda preocupam grande parte dos agentes. Apesar de ainda ser esperada uma safra levemente superior à 2018/19, as lavouras capixabas podem apresentar quebra entre 5 e 10% do que era esperado. No geral, a aposta de agentes consultados pelo Cepea é de 15 a 17 milhões de sacas de 60 kg. Em relação à colheita, deve ser iniciada ainda no início de abril em Rondônia, assim como os trabalhos nas lavouras mais precoces no Espírito Santo. A intensificação da colheita, entretanto, é esperada apenas para maio no estado capixaba.

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