O café arábica gerou um dos maiores retornos entre as commodities neste ano, mas os novos investidores devem resistir a embarcar imediatamente no mercado, que está sobrevalorizado após disparar em quatro dos últimos cinco meses.
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Com o início das negociações de setembro, o arábica estava no topo do mercado de commodities, ao acumular uma alta de 52% no ano.
Esses ganhos extraordinários diminuem o potencial de novos participantes no mercado, já que os gráficos indicam a necessidade de uma correção de pelo menos 5% para justificar o risco de novas compras em busca de bons retornos no café preferido por redes como Starbucks (NASDAQ:SBUX) (SA:SBUB34) e Restaurant Brands International (NYSE:QSR), pertencente a Tim Hortons.
Sem uma correção, é possível que novos entrantes lucrem no arábica, mas sob a ameaça de uma queda que pode não estar tão distante, segundo o analista técnico Sunil Kumar Dixit.
Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting
Antes da abertura de Nova York, nesta quarta-feira, o contrato mais ativo do arábica na ICE Futures dos EUA girava em torno de 1,95 por libra-peso.
Segundo Dixit:
“Ele precisa cair para o nível de suporte de US$1,85 para justificar o risco da entrada de novo dinheiro. Os investidores que se precipitarem podem ser pegos de surpresa quando o arábica finalmente corrigir os excessos dos últimos dois trimestres.”
O arábica registrou pico perto da máxima de 7 anos de US$2,15 em julho, e um fechamento relativamente baixo de US$1,80 naquele mês deu lugar a uma formação altista de engolfo com alvo em US$2,45, afirmou Dixit.
A continuação da tendência de alta no arábica precisa que os preços se firmem acima de US$1,91 no curto prazo e US$1,81 no médio prazo.
Dixit disse ainda:
“O cenário parecia maravilhoso no mês passado quando o café atingiu US$2,15, mas recuou forte e fechou abaixo de US$1,80. O atual mês mostra um viés de alta, mas o momentum e a volatilidade parecem estar limitados por uma leitura extremamente sobrecomprada”.
O IFR do arábica de 97/97 no gráfico mensal sinaliza a possibilidade de uma saudável correção, explicou.
“Isso por forçar um rompimento para baixo de US$1.81 e abrir caminho para um recuo maior para US$1,68 a $1,62.”
“É mais fácil que o arábica recobre forças para um movimento mais alto se voltar para um bom nível de suporte, como US$1,85.”
“Após essa significativa correção e distribuição, o café deve construir uma robusta base para retestar as regiões de resistência de US$2 e superiores, libertando-se para superar US$2,15 e seguir em direção a US$2,25.”
Os fundamentos também deverão fazer sua parte para o arábica continuar em alta, disse Jack Scoville, analista-chefe de commodities do Price Futures Group, em Chicago.
Apesar de o café premium ter registrado grande volatilidade em meados de agosto, sua trajetória de alta foi pouco desafiada, graças à geada ocorrida nos cafezais do Brasil, maior produtor do grão.
Segundo Scoville:
“A atual safra brasileira está chegando ao fim com uma produção menor”.
“As previsões no Brasil indicam temperaturas acima do normal durante pelo menos a próxima semana, mas é fácil ver os danos causados pela geada nas últimas semanas. Estamos em época de floração para a próxima safra, mas o clima seco está evitando o aparecimento das flores”.
Devido a isso, algumas árvores morreram e tiveram que ser substituídas, complementou.
“A previsão atual é de 10 dias de clima seco, o que não ajuda na floração, mas mantém a colheita ativa”.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.