ARÁBICA
Em novembro, apesar de oscilações mais expressivas em alguns dias, as cotações do café arábica encerraram o mês praticamente estáveis no mercado doméstico, reflexo da baixa liquidez. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica, tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista teve média de R$ 441,59/saca de 60 kg, avanço de apenas 0,08% em relação à média de outubro. Em comparação com o mesmo período do ano passado, entretanto, os preços médios apresentam queda de 11,05% (valores deflacionados pelo IGP-DI de out/18). Além das fortes oscilações das cotações externas e do dólar, os feriados em novembro (no Brasil: Finados, no dia 2, Proclamação da República, no dia 15, e Consciência Negra, no dia 20; nos EUA: Dia de Ação de Graças, no dia 22) mantiveram agentes fortemente retraídos, travando o mercado. Negociações ocorreram apenas diante da necessidade de alguma das pontas compradora ou vendedora e em dias de alta dos futuros de arábica. Vale ressaltar que o volume de café da safra 2018/19 comercializado até novembro é superior aos 60%, sendo que foram vendidos sobretudo grãos de boa qualidade e um menor volume de cafés de qualidade inferior.
NEGOCIAÇÕES – A expectativa é que o ritmo de negócios siga mais lento até o final do ano, em comparação com a movimentação observada no mercado em outubro. Além das recentes quedas, produtores devem aguardar até o início do próximo ano para retomada nas negociações, devido à questão fiscal (imposto de renda).
MERCADO EXTERNO – As cotações em novembro foram influenciadas por fatores técnicos, oscilações do dólar, clima favorável no Brasil e também acompanharam o recuo do petróleo. A média de todos os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 115,08 centavos de dólar por librapeso, queda de 2,2% em relação a outubro. O dólar registrou média de R$ 3,787, forte queda de 7,7% na mesma comparação.
CAMPO – As volumosas chuvas em novembro seguiram auxiliando na condição dos cafezais e no desenvolvimento da safra 2019/20. Em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, as lavouras já estão na fase de desenvolvimento dos chumbinhos. Com as precipitações mais frequentes nos últimos meses, a expectativa de agentes é de uma boa safra para o próximo ano, considerando que grande parte dos cafezais está no ciclo de bienalidade negativa. Todas as regiões apresentaram acumulados de chuvas acima dos 120 mm no mês, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). As regiões com maiores volumes foram a Mogiana e o Cerrado Mineiro, com as estações de Franca (SP) e Patrocínio (MG), registrando, respectivamente, 413,4 mm e 377,2 mm em novembro. As precipitações abundantes vêm permitindo um excelente pegamento dos chumbinhos e auxiliando na uniformidade dos grãos em algumas localidades, como no Sul de Minas – devido às diversas floradas deste ano, as lavouras vêm apresentando diferentes estágios de desenvolvimento, o que poderia dificultar a colheita em 2019. Assim, apesar da bienalidade negativa de grande parte das lavouras na próxima temporada, caso o clima siga favorável, colaboradores ainda esperam uma boa produção. Vale (SA:VALE3) apontar, no entanto, que alguns produtores já se preocupam com uma maior incidência de broca em 2019/20. Devido ao elevado volume de café produzido em 2018/19 e às chuvas logo em agosto, os trabalhos de varrição foram atrapalhados em diversas localidades, o que ocasionou em maior proliferação da praga. Entretanto, como as lavouras ainda estão em fase de chumbinho, ainda é cedo para avaliar o possível impacto na temporada.
ROBUSTA
A menor liquidez interna manteve as cotações domésticas do robusta praticamente estáveis em novembro. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima registrou média de R$ 331,94/saca de 60 kg no mês, estável (+0,07%) na comparação com outubro. Em relação à média de novembro/17, entretanto, a variedade ainda apresenta desvalorização de 17,1% (valores reais, deflacionados pelo IGP-DI out/2018). Para o tipo 7/8 bica corrido, a média foi de R$ 322,74/sc, também estável (+0,03%) frente a outubro, porém, queda de 17,8% no ano.
NEGOCIAÇÕES – Após boas vendas em outubro e com a queda das cotações externas da variedade, vendedores e compradores se mantiveram afastados do spot em novembro e negócios foram fechados apenas diante da necessidade de agentes. Segundo agentes consultados pelo Cepea, o volume comercializado de café robusta da safra 2018/19 no Espírito Santo até novembro foi de aproximadamente 70% da produção da safra 2018/19, enquanto que em Rondônia, de 90% a 95% da quantidade havia sido comprometida. A expectativa é de que, com a intensificação da colheita da safra do Vietnã e a possível queda das cotações externas no início de dezembro vendedores sigam mais distantes do spot até o final do ano, mantendo a liquidez interna reduzida. Segundo agências internacionais, os trabalhos avançavam para 45% do total no país asiático em novembro, sendo esperada a finalização da colheita para o final de dezembro.
MERCADO EXTERNO – Além da colheita no Vietnã, as cotações também foram influenciadas por movimentos técnicos e pelo câmbio. O contrato Janeiro/19 do robusta negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) fechou a US$ 1.580/tonelada no dia 30 de novembro, queda de 5,7% na comparação com 31 de outubro.
CAMPO – O clima também segue favorável para as lavouras de robusta. No Espírito Santo, as estações de Linhares e São Mateus registraram acumulados de, respectivamente, 246,4 mm e 227,2 mm em novembro, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Em Rondônia, a estação de Cacoal registrou 341,6 mm. Com as volumosas chuvas, o pegamento dos chumbinhos ocorre sem problemas, sendo que em algumas regiões já se iniciou o enchimento dos grãos. Apesar de ainda cedo, as expectativas quanto à produção em 2019/20 são boas. Agentes consultados pelo Cepea acreditam que, caso o clima siga favorável, a produção pode ser semelhante ou até mesmo superior à de 2018/19.