O mercado nacional de café arábica têm apresentado baixa liquidez nas últimas semanas. Além da habitual retração de agentes consultados pelo Cepea, devido às comemorações e ao recesso em virada de ano, a forte variação dos preços externos e internos reforçou o cenário de poucos negócios. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), na última quinzena de 2019, o contrato Março/20 (de maior liquidez) chegou a variar mais de 1.000 pontos, influenciado especialmente por fatores técnicos e movimentos cambiais. No Brasil, o cenário foi praticamente o mesmo. No dia 16 de dezembro de 2019, o Indicador CEPEA/ESALQ do café tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, atingiu o maior valor desde 13 de fevereiro de 2017 (em termos reais – os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de novembro/19), a R$ 571,63/saca de 60 kg. Desde então, os preços recuaram fortemente, indo para R$ 509,50/sc nessa terça-feira, 7. Quanto à liquidez interna, a expectativa de agentes consultados pelo Cepea é de que siga limitada nos próximos dias. Apesar de muitos agentes retornarem efetivamente ao mercado nesta semana, os baixos preços do café e o volume significativo de grãos comercializados até a primeira quinzena de dezembro de 2019 devem desestimular produtores a venderem sua mercadoria.
ARROZ: DISPONIBILIDADE INTERNA DE CASCA DEVE SER A MENOR EM 35 ANOS
De acordo com levantamento do Cepea, o cenário de oferta e demanda de arroz no Brasil sinaliza para a menor disponibilidade interna observada desde 1984/85, de 12,1 milhão de toneladas, podendo também chegar a um dos mais baixos estoques de passagens, de 437,8 mil toneladas em fev/21. Quanto ao consumo interno, segue em queda no Brasil, fator que, a médio prazo, deve pressionar as cotações. Segundo dados da equipe de Custos Agrícolas do Cepea, em relatório divulgado em set/19, nos últimos dez anos-safras, o patrimônio investido na produção em arroz no RS não foi remunerado. Assim, para a temporada 2019/20, é esperada a menor área de semeio desde o primeiro registro da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), de 1,67 milhão de hectares. Ainda segundo a Companhia, dados de dez/19 indicam produção brasileira de 10,52 milhões de toneladas de arroz em casca na 2019/20, 0,6% maior que a da temporada anterior. A produtividade média foi estimada em 6,27 tonelada/ha de arroz em casca, aumento de 1,8% frente à safra 2018/19.
ALGODÃO: VOLUME A SER COLHIDO NO BR SERÁ QUATRO VEZES SUPERIOR AO ESTIMADO
O volume de algodão a ser colhido no Brasil na safra 2019/20 será quatro vezes superior ao estimado para a demanda doméstica – em 2018, a produção estava três vezes acima do consumo e, até 2017, correspondia por pouco mais que o dobro. Isso significa que o Brasil tem condições – e necessidade – de atender à demanda mundial durante todo o ano. Pesquisadores do Cepea apontam que esse cenário é resultado da manutenção da área plantada com a pluma no País. Ainda que os preços internos do algodão em pluma no segundo semestre de 2019 tenham ficado quase 20% menores que os registrados no mesmo período de 2018, de acordo com pesquisas do Cepea, a atratividade da cultura frente a concorrentes, os investimentos em ativos fixos (como máquinas, equipamentos e beneficiadoras) e aos contratos antecipados para 2020 e 2021 incentivam produtores.