O clima favorável ao desenvolvimento da safra 2018/19 no Brasil e a bienalidade positiva dos cafezais devem resultar em produção semelhante ou até mesmo superior à da temporada 2016/17. Nesse cenário, os preços interno e externo do café podem ser pressionados em 2018, segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Quanto à safra 2017/18, ainda em andamento, apesar da menor oferta no Brasil devido à bienalidade negativa, à broca e à menor peneira dos grãos, a disponibilidade deve ser maior nos principais países produtores de arábica e robusta. Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção deve crescer levemente na Colômbia, somando 14,7 milhões de sacas de arábica. No Vietnã, o clima favoreceu a recuperação dos cafezais, que devem produzir 29,9 milhões de sacas de robusta.
Por outro lado, os estoques mundiais devem ser menores, uma vez que o consumo deve seguir firme. Assim, ao final da safra 2017/18, os estoques estão estimados em 29,26 milhões de sacas, de acordo com o USDA, número 13,9% abaixo do da temporada 2016/17. Para o Brasil, os estoques ao final da temporada estão estimados em 2,56 milhões de sacas, 33,9% inferiores aos da 2016/17. Agentes apontam para volume entre 55 e 57 milhões de sacas. Este cenário, por sua vez, pode limitar as possíveis quedas nos preços ao longo de 2018.
Quanto à temporada 2018/19 no Brasil, apesar de não haver estimativas oficiais de produção, as primeiras especulações já indicam que a safra deve ser boa, podendo superar as 51,3 milhões de sacas indicadas pela Conab para a temporada 2016/17. Além da bienalidade positiva, as chuvas desde outubro têm sido mais volumosas, permitindo o pegamento dos chumbinhos e o início do enchimento dos grãos em algumas regiões.
Para o arábica, apesar das preocupações iniciais com as floradas, que foram prejudicadas em setembro pelo clima mais seco, o retorno das chuvas em outubro tem favorecido o desenvolvimento da safra. Esse cenário, conforme pesquisadores do Cepea, renovou as expectativas quanto a uma boa produção em 2018/19 e animou produtores a avançarem com os tratos culturais.
Em relação ao robusta, especialmente no Espírito Santo, o clima mais favorável nos últimos meses de 2017 permitiu a recuperação dos cafezais, que haviam sido prejudicados pela seca de anos anteriores. As chuvas de dezembro também aumentaram as reservas hídricas do estado e a umidade dos solos, aliviando produtores e garantindo o pegamento dos chumbinhos. Em Rondônia e na Bahia, também espera-se aumento na produção na safra 2018/19. Nesses estados, produtores não têm tido problemas com o clima e os cafezais já estão na fase de enchimento dos grãos.
Por isso, o regime de chuvas em janeiro e fevereiro será essencial para o bom enchimento dos grãos de ambas as variedades. Em dezembro de 2017, a Organização Mundial de Meteorologia indicou a formação do fenômeno La Niña, que deve se estender para o primeiro trimestre de 2018. Apesar das possíveis consequências no Brasil, a organização aponta que o fenômeno é de fraca intensidade.