O mercado internacional do café, frente a um cenário de fundamentos inalterados, teve uma semana de baixa volatilidade e pouco volume de negócios, com seu desempenho atrelado ao comportamento do dólar.
Em meio a esse contexto, o vencimento maio do Contrato C, na ICE Futures US, foi cotado, na quinta-fera, a US$ 1,4145 por libra-peso, registrando valorização mínima de 10 pontos em relação ao fechamento da semana passada, graças à recuperação na sessão de ontem, quando a moeda norte-americana caiu frente a quase todas as divisas.
Na ICE Futures Europe, o vencimento maio do contrato futuro do robusta encerrou o pregão a US$ 2.183 por tonelada, apurando ganhos de US$ 13, também impulsionado pelo comportamento do dólar e da expectativa de restrição de oferta no mercado.
O dólar comercial sofreu sua maior queda em seis meses na quarta-feira, repercutindo a sinalização menos "hawkish" - juros mais altos e política de austeridade mais forte - do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), que confirmou as expectativas ao elevar a taxa básica de juros do país em 0,25 ponto percentual, situada entre 0,75% e 1% agora, e indicou a possibilidade de mais duas altas em 2017.
No Brasil, a divisa também foi pressionada pelo fato de a agência de classificação Moody´s ter melhorado a perspectiva para a nota de crédito soberano do Brasil de "negativa" para "estável", alegando que a economia dá sinais de recuperação, com inflação recuando e desdobramentos favoráveis do lado fiscal. A nota atual é "Ba2", dois patamares abaixo do grau de investimento.
Alguns operadores do mercado também informaram que a demanda pelo dólar é sustentada pelo conteúdo dos cerca de 80 pedidos de abertura de inquérito contra políticos e ministros feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, baseados nas delações de ex-executivos da Odebrecht na operação Lava Jato. Ontem, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,1155, com desvalorização de 0,89% na semana.
Internamente, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que os preços do café robusta se mostraram mais firmes no Brasil, sendo sustentados pela demanda relativamente aquecida de indústrias. Por outro lado, as cotações do arábica permaneceram praticamente estáveis em meio à ausência de negócios. Os indicadores calculados pela entidade para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 488,43/saca e a R$ 450,96/saca, com variações de -0,68% e 1,68%, respectivamente, ante fechamento da sexta-feira anterior.