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Cacau, Commodity Perfeitamente Correlacionada com os Altos e Baixos da Ômicron

Publicado 07.12.2021, 13:18
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Os investidores com posições compradas no petróleo devem estar muito felizes com o forte repique dos preços desde que o mercado tocou as mínimas recentes por causa de preocupações com a variante ômicron.

Mas outra commodity pode se gabar ainda mais da sua perfeita sincronia com os altos e baixos associados aos temores com a nova variante da Covid.

Estamos falando do cacau, matéria-prima usada na confecção de diversos alimentos e bebidas e que tem correção perfeita com as manchetes sobre a ômicron.

Cacau diário

Gráficos: cortesia de skcharting.com

O cacau se move quase pari passu com o fluxo de notícias sobre a ômicron, desde que afundou pela primeira vez por causa da descoberta da cepa na África do Sul, em 24 de novembro, até seu rali nas últimas quatro sessões, depois que autoridades sanitárias disseram que o vírus pode não ser tão grave quanto se pensava.

Existe uma boa razão para que o cacau tenha seguido tão de perto a mais nova cepa da Covid.

A commodity é o principal ingrediente de chocolates, sorvetes, bolos, entre outros. São produtos festivos e de luxo, cuja demanda costuma subir em momentos de bonança econômica e cair quando as coisas não vão muito bem.

O cacau se desvalorizou quase 20% em março de 2020, durante a primeira disseminação global da Covid-19. Mas conseguiu obter um ganho de 2,5% no fim do ano passado, na esteira da recuperação econômica mundial.

Seguindo de perto a ômicron

É revelador o fato de o cacau seguir de perto os desdobramentos da ômicron.

De US$2.456 por tonelada, em 24 de novembro, o produto caiu para US$2.314 seis dias depois, após quatro sessões de intensa atividade de venda. Isso acabou gerando uma queda de US$142.

Desde o fechamento de 30 de novembro, a US$2.314, o cacau já havia alcançado o patamar de US$2.464 no momento em que escrevo.

No fim das contas, o mercado se valorizou US$150 contra uma queda inicial de US$142. Trata-se de uma perfeita correção com as notícias sobre a variante, com um viés levemente altista.

Ainda que esse seja o caso, as oscilações de preços do cacau na última semana estão dando muita dor de cabeça nos traders da commodity.

“As fortes oscilações do cacau continuam impingindo dor nos traders de momentum”, afirmou Ole Hansen, diretor de estratégia de commodities do dinamarquês Saxo Bank, em um tuíte na segunda-feira.

“A queda de 9% motivada pela ômicron na semana até 30 de novembro desencadeou o segundo maior volume de vendas semanais (-26,9k lotes) em dez anos”, complementou Hansen.

“Desde então, o preço se recuperou, principalmente por causa da cobertura de posições vendidas”.

Jack Scoville, analista-chefe de mercados agrícolas do Price Futures Group, Chicago, concorda com essa visão.

Nova York e Londres fecharam em alta na sexta-feira, mas em queda na semana. O movimento para baixo mostrou sinais de exaustão no fim da semana passada.

“O retorno do coronavírus na Europa e a nova variante encontrada na África foram as principais razões para vender, mas já foram precificados neste momento”, afirma Scoville .

“Grande parte das vendas se deveu à noção de demanda mais fraca por causa das notícias” sobre a Covid de maneira geral, em especial sobre a ômicron, ressaltou.

Do ponto de vista dos fundamentos, as plantações nas principais áreas de cultivo do cacau, como Costa do Marfim e Gana, estavam avançando bem, com o clima ensolarado e algumas chuvas, explicou Scoville.

A menos que as condições técnicas deem suporte, essas condições ideais de cultivo costumam desfavorecer os preços do cacau em caso de demanda mais fraca, prossegue o analista.

O que dizem os aspectos técnicos do cacau?

Cacau semanal

O cacau tende a andar de lado entre a parte intermediária e a faixa inferior da Banda de Bollinger (US$2543-2331), correspondente à sua mínima mais recente, destacou o analista técnico Sunil Kumar Dixit. Ele disse ainda:

“Qualquer grande movimento posterior dependerá de um rompimento de um desses níveis-chave”.

Cacau mensal

Retrospectivamente, o cacau se recuperou forte da mínima de julho de 2021 a US$2229 até a máxima de outubro de 2021 a US$2770, mas não conseguiu manter a trajetória de alta a partir de então, sucumbindo a pressões baixistas que testaram US$2331 em novembro, observou Dixit.

Atualmente, os preços estão acima da média móvel simples de 200 semanas (MMS 200), a US$2425, mas abaixo da MMS 1000, a US$2480, bem como da média móvel exponencial de 50 semanas (MME 50), a US$2493, e do meio da Banda de Bollinger a US$2543, concluiu.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

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