Qual o preço da moeda americana que deveria prevalecer no mercado de câmbio brasileiro?
Praticamente impossível ter uma resposta que agrade ou convença cada um, pois o preço do dólar se presta a inúmeros fins no país, sofre a influência de inúmeros fatores que impactam na sua fragilidade exposta pela situação caótica de sua economia que provoca baixíssima atratividade ao capital estrangeiro e deixa o país, em permanente estado de alerta máximo quanto a fatos que podem agravar mais os seus fluxos cambiais, tais como eventual aumento do juro americano ou a ocorrência de um downgrade da sua nota de rating pelas agencias mais acreditadas.
O real é uma moeda que tem se revelado na última década extremamente atraente para movimentos especulativos.
O governo, num passado recente, utilizou uma estratégia inteiramente irresponsável de agir apreciando o seu preço, agindo ao mesmo tempo no acumulo de reservas cambiais em dólares não como resultante do efeito riqueza, mas gerando liquidez para tal fim com o aumento explosivo da dívida pública. E como era notória a intenção do governo, especuladores abusaram de incentivar a estratégia e fazerem suas apostas no ganho certo. Contudo, quanto o vento virou inúmeras empresas acabaram dilapidando seus patrimônios ou até desaparecendo face à enormidade das perdas.
Neste governo o discurso teve início com o propósito de deixar o preço de o dólar buscar sua realidade, ainda que parcial visto a dimensão do volume de contratos de hedge colocados no mercado futuro para comprar a credibilidade que o real não dispunha e financiando de formas diversas com utilização da parceria dos bancos para proporcionar a liquidez no mercado à vista. Conseguiu e a taxa cambial subiu o bastante para fomentar a competitividade da indústria nacional no mercado externo e ante o produto importado, mas não obteve sucesso.
Tendo ficado evidente que a reação da economia não era dependente do preço da moeda americana com a intensidade imaginada, mas sim da baixa confiança e credibilidade do setor produtivo no governo que acabava contraindo a propensão a investir, então, recentemente, o BC passou a atuar apreciando de forma artificial o preço do real, com novo foco que é o combate das pressões inflacionárias.
Entre estas dinâmicas alternantes ocorre de forma mais intensa ou menos, a crise política acirradas por denúncias de toda espécie, criando volatilidade intensa.
Os fluxos cambiais não são intensos e tendem a piorar em 2016. A economia não reage, já desemprega, afeta a renda e o consumo e a inflação se mostra resistente e até mesmo o déficit em transações correntes que se esperava menor face à crise ainda está na faixa de 4% do PIB.
Como o real é uma moeda potencialmente com tendência de alta face ao quadro deteriorado do país e as perspectivas de curto prazo, a volatilidade é contumaz, pois enquanto o BC tenta apreciá-lo fatos novos políticos atemorizantes causam efeito inverso fomentando sua depreciação.
Enfim, há o esforço do BC em apreciar o real e há a tendência do mercado em depreciá-lo, num ambiente econômico desfavorável e conturbado no contexto político.
Cada setor e o governo torcem, exatamente, torcem por uma taxa cambial, mas não há como estabelecer-se preço a partir de fundamentos.
Por isso, não temos um preço crível e a volatilidade deve persistir.
E desta forma, não estimula negócios face à insegurança, que se constitui em risco.