Até bem pouco tempo atrás ninguém ou quase ninguém conseguiria prever que a cotação do dólar chegasse abaixo dos R$ 3,60 nesta altura do ano.
Tudo apontava para uma subida em 2016 acima dos R$ 4,00 e muitos analistas até apontavam para a cotação do dólar acima dos R$ 4,75 no final do ano.
É certo que a subida da cotação do dólar foi contida pela ação do Banco Central, quer pela oferta de swaps tradicionais, quer por leilões de linha.
Com o cenário político “explosivo” em que o mercado aposta no impeachment da presidente Dilma, ganhou folego e euforia, a bolsa ultrapassou os 50.000 pontos e a cotação do dólar mante-se perto dos R$ 3,60 ou abaixo.
Neste momento o Banco Central procura evitar uma depreciação maior do dólar frente ao real de duas formas:
A primeira ofertando menos swaps cambiais tradicionais.
A segunda via oferta de swaps cambiais reversos.
É notório que ao BC não interessa um dólar com uma cotação tão baixa por causa das empresas exportadoras e pela necessidade de obtenção de saldos da balança comercial positivos. Como também não interessava ao BC uma cotação demasiada alta da cotação do dólar por causa da inflação.
O cenário atual a meu ver era tudo menos expectável, falta saber se terá sustentabilidade e a que direção irá levar.
Uma das belezas da economia e dos mercados financeiros reside precisamente na sua imprevisibilidade, até os mais renomados economistas e analistas não conseguem prever este tipo de movimentos e eventos aparentemente irracionais e especulativos.
Momentos como os de agora mostra o quanto o que se disse outrora já não é valido para hoje e o amanhã. Os eventos, mutações, humores, perspectivas estão em constante mudança.
O que é mais curioso, é que o foco neste momento centrasse quase exclusivamente no cenário político em detrimento das contas públicas, do ajuste fiscal e dos dados macroeconómicos para 2016 que mostram uma tendência de maior de degradação relativamente a 2015.
Amanhã teremos a divulgação de alguns dados macroeconómicos relevantes como de IPCA-15 março e anual, Taxa de desemprego, transações correntes, IED e fluxo cambial.
Apesar do domínio atual do cenário político não devemos desviar a nossa atenção dos dados macroeconómicos, em especial os que podem ter impacto para o câmbio.
Enquanto perdurar esta tendência de desvalorização do dólar o BC deverá continuar a diminuir a oferta de swaps cambiais tradicionais e a ofertar novos contratos de swaps cambiais reversos atuando conforme o momento atual.
Há a necessidade de “enxugar” do mercado o excesso de oferta de dólares, fazendo que a cotação do dólar inverta a tendência de desvalorização. Esta atuação do BC poderá ser mais intensa ou menos intensa conforme o caminhar da cotação do dólar.
Tenho para mim e continuo a afirmar, que a atuação do BC tem sido adequada, quer aquando a sobrevalorização do dólar, quer como neste momento de desvalorização acentuada do dólar.
Vamos ver!!!