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BSE em Mato Grosso: Situação e Impactos

Publicado 19.05.2014, 09:56

Nas últimas semanas a identificação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB ou BSE, na sigla em inglês) ocorrido em Mato Grosso chamou a atenção do mercado pecuário nacional e mundial.

A vaca doente, foi identificada no frigorífico JBS de São José dos Quatro Marcos, proveniente de uma propriedade em Porto Esperidião, também no estado.

Em 19 de março a inspeção pré-abate detectou a presença de sintomatologia nervosa em um bovino, que foi sacrificado e amostras de tecido nervoso foram enviadas ao Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO) de Recife-PE, onde foi detectada marcação priônica em meados de abril.

Também foram sacrificados e testados outros 49 bovinos contemporâneos, para os quais o resultado quanto à marcação priônica foi negativo.

Amostras do animal positivo também foram enviadas para o laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Weybridge, no Reino Unido, que confirmou a marcação priônica, no início de maio.

Os exames para determinação sobre a origem do caso não foram conclusivos, mas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) relatou em nota que o laboratório inglês apoia a hipótese de que realmente tenha sido um caso atípico, com base nos exames laboratoriais e características da ocorrência.

O caso atípico ocorre de maneira espontânea e esporádica na população de bovinos, não sendo relacionado à ingestão de produtos de origem animal pelos bovinos, como é observado nos casos típicos, muito frequentes na década de 90 no Reino Unido.

Segundo a OIE, em 1992 chegaram a ser reportados mais de 37 mil casos na região. Em 2013 foram três ocorrências.

Voltando ao caso brasileiro. A idade avançada do bovino em questão (12 anos) também corrobora com a hipótese da forma atípica, que acomete animais mais velhos. A OIE considera o caso como encerrado e não deve apresentar mais relatórios sobre o mesmo.

A REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

Por um lado, houve elogios quanto à identificação do animal suspeito pela comunidade internacional. Em nota, o Comitê Permanente do Cone Sul (CVP) elogiou a velocidade e transparência com as quais o caso foi tratado.

Por outro, até o fechamento deste texto houve confirmação de embargos, do Peru à carne brasileira, e do Egito e Irã à carne do estado.

Em 2013, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), os três países foram o destino de 13,7% das exportações brasileiras, considerando a quantidade exportada de miúdos, tripas, carne industrializada, salgada e in natura. Foram 205,26 mil toneladas, das 1,50 milhão embarcadas em 2013.

Em faturamento representaram 11,4%, o que equivale a US$755,8 milhões. Veja a figura 1.

Participação do Egito, Irã e Peru nas exportações brasileiras

Focando a análise na carne in natura, que representa a maior parte do volume e faturamento dos embarques brasileiros, Egito e Irã são importantes, com 11,3% e 5,0% da fatia em 2013, respectivamente. O Peru não comprou carne in natura em 2013.

Participação em volume de exportações de carne bovina in natura

O Egito foi o quarto comprador de carne bovina in natura em 2013, perdendo para a Rússia, Hong Kong e Venezuela, nesta ordem. Na quinta colocação ficou o Chile, seguido pelo Irã.

A PECUÁRIA DE MATO GROSSO

Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao final de 2012, o Mato Grosso detinha o maior rebanho bovino brasileiro, com 28,74 milhões de cabeças, o que equivale a 13,6% do efetivo nacional.

Entre os abates inspecionados (federal, estadual ou municipal), o estado também se destaca. Teve a maior quantidade abatida em 2013, com 5,84 milhões de cabeças e 17,0% do total nacional.

Segundo dados do MDIC, as exportações de carne bovina in natura do Mato Grosso representaram 19,2% no volume embarcado em 2013. Foram 227,3 mil, de 1,18 milhão de toneladas métricas.

A receita com a venda de carne in natura em 2013 foi de US$1,08 bilhão, o que correspondeu a 20,1% do total das vendas. A figura 3 apresenta um resumo da representatividade da pecuária mato-grossense.

Participações dos abates, rebanho e exportações de carne in natura

Em relação aos embarques de carne in natura do Mato Grosso em 2013, Egito e Irã foram o terceiro e quarto maiores compradores, respectivamente. O Egito comprou US$113,2 milhões (10,5% do embarcado pelo estado), com 32,5 mil toneladas (14,3%). Na quarta posição, o Irã comprou 19,3 mil toneladas (8,5%), o que rendeu US$86,4 milhões (8,0%). Veja a figura 4.

Principais destinos da carne in natura

Em nível nacional os embarques para Egito e Irã responderam por 16,3% da carne in natura, no Mato Grosso, responderam por 22,8%.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os embargos aplicados pelo Egito e pelo Irã, mesmo que limitados ao estado, são importantes, devido à relevância do Mato Grosso no suprimento de carne para o mercado externo. Com isto, é possível que haja aumento da oferta de carne no mercado interno, devido ao fechamento desta via de escoamento. Isto poderá pressionar as cotações, principalmente de cortes de dianteiro, pois o Egito e o Irã são grandes compradores de carne de dianteiro.

Por outro lado, existe a possibilidade de redirecionamento dos embarques, o que poderá aumentar a demanda para este fim em outros estados. Como ocorreu em 2012 (sobre a ocorrência de BSE atípica no Paraná em 2010), é possível que mais embargos aconteçam, mesmo que um caso atípico não indique nenhuma carência do sistema de inspeção e que a vaca sacrificada não tenha sido destinada à alimentação humana ou animal. Vale destacar que a importância do Paraná na pecuária de corte é limitada, comparada ao Mato Grosso. Se os embargos se mantiverem, é possível que haja um alongamento do diferencial de base no estado, devido à diminuição do escoamento para o mercado externo. Mais um ponto de atenção para a venda das boiadas de cocho no segundo semestre.

Referências

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC)
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)

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