Ajuste fiscal em chamas
Já vimos este filme.
Congresso e Governo brigam por quaisquer motivos e quem perde é o país.
Em 2015 e 2016, ainda na época do governo Dilma, a briga entre os poderes foi travada por causa do aumento de gastos públicos.
O que chamamos, na época, de pautas-bomba.
Podemos ver o início da mesma dinâmica aparecendo em Brasília… não podemos?
"Bruce, a bolsa vai cair?"
É a pergunta mais popular em todos os momentos do mercado.
"Não tenho a menor ideia".
Essa é a resposta mais precisa que posso fornecer em quaisquer momentos de mercado.
E, neste momento, com tudo o que vem acontecendo no mundo, com a pandemia e a guerra comercial entre Estados Unidos e China, e no Brasil, com a pandemia e a crise política, "não tenho a menor ideia" parece uma resposta apropriada.
É frustrante.
Mas no curto prazo ninguém sabe. Nem mesmo o maior investidor de todos os tempos.
E é exatamente isso que o torna o maior investidor de todos os tempos...
Buffett está pessimista
Warren E. Buffett, com seus 89 anos de idade, é moderno.
Ao invés de estádio lotado de investidores e entusiastas, a reunião da Berkshire Hathaway deste ano foi feita apenas via internet
Buffett mostrou a todos como o excel não é o único programa da Microsoft (NASDAQ:MSFT) que ele não domina.
Não foi a mesma coisa, devo admitir. Mas é sempre engrandecedor escutar a sabedoria do mago de Omaha.
Após perder dinheiro pela segunda vez, vendendo seus investimentos em companhias aéreas, Buffett está perto de pedir música no Fantástico.
Mas a surpresa foi: Buffett está pessimista.
O maior otimista de todos os tempos com as empresas americanas já não está tão otimista assim.
Faz sentido. Em meio a pandemia com perdas humanas relevantes, desemprego galopante, economia parada, impactos estruturais desconhecidos, dívida pública explodindo e empresas quebrando, o S&P500 (SPX) está quase na máxima histórica.
Após subir +30 por cento em 2019, mesmo sem o respaldo de lucros maiores das empresas, o SPX caiu -34 por cento e já se recuperou.
O índice cai apenas -15 por cento da máxima.
O movimento de resgate feito pelo governo e banco central americano foi tão veloz que não deixou Buffett alcançar seu talão de cheques...
Pra quem gosta de pânico nos mercados, bolsa em queda e ações baratas, esta crise foi desanimadora.
Buffett continua com 128 bilhões de dólares em caixa e aguardando...
A bolsa vai cair para sempre, a bolsa vai subir para sempre
Muita gente comenta comigo que, agora, os riscos para o nosso mercado são enormes.
Minha resposta é que os riscos são sempre enormes — são as capas de jornais que mudam.
Quando a bolsa cai, os jornais trazem o desespero e a preocupação com a crise do momento.
Quando a bolsa sobe, os jornais trazem a alegria e o otimismo tomando conta dos investidores.
Os riscos estão sempre lá. O que muda é a nossa vontade de enxergá-los.
Na verdade, ao contrário do que os jornais nos dizem, quanto menores os preços, menores os riscos.
Quer correr menos riscos? Compre bolsa quando a bolsa cai.
Buffett aprendeu com Graham lá em meados de 1940 — Comprar barato é sempre a melhor proteção.
Veja só como deu bastante certo para o velhinho.
O Brasil é movido a reformas
Movimentos da bolsa no curto prazo não são possíveis de prever — e tentar é perda de tempo.
A única pergunta que precisamos responder é: qual a probabilidade de passarmos as reformas?
A longo prazo nossa bolsa depende apenas de nossa capacidade de passar as reformas.
Depende apenas de mantermos a política econômica atual: menores gastos públicos e reformas estruturantes que deixarão o PIB voltar a crescer mais.
Aquelas mesmas reformas que o ministro Paulo Guedes vem falando desde a campanha presidencial em 2018.
Só isso importa.
As probabilidades estão do nosso lado
Nada muda com a crise causada pela pandemia — ela só acelerou o processo.
Apropriadamente, precisamos gastar mais para minimizar a perda humana e o sofrimento dos mais vulneráveis.
Elevamos nossa dívida pública para algo ao redor de 95 por cento do PIB.
Agora o ajuste fiscal precisa ser ainda mais forte e as reformas são ainda mais urgentes.
A economia foi impactada, mas bolsa caiu muito mais do que seria razoável.
Bolsa mais barata reduz o risco de comprar boas empresas — preço baixo significa menor risco.
A única pergunta que precisamos responder é: qual a probabilidade de passarmos as reformas?
Poderia responder, poderia comentar, poderia falar.
Mas palavras são como o vento. São frágeis. São volúveis.
Muito melhor do que com palavras, no ANTI-Trader respondemos com posições.
Qual a posição de sucesso mais provável de acordo com a mudança dos humores de nossos representantes em Brasília?
Com crise ou sem crise, o sucesso já está comprovado nos retornos.
As probabilidades estão do nosso lado.