No início da semana, o boletim FOCUS, que reúne as projeções de mais de 100 instituições do mercado, trouxe dados mais otimistas para a economia brasileira. De acordo com o documento, o IPCA previsto para 2022 é de 6,40%. Esta foi a 11ª revisão para baixo no indicador. No caso do PIB, também ocorreram onze mudanças, porém, para cima, com uma perspectiva de 2,39% de crescimento.
Na bolsa de valores, o Ibovespa acumula um desempenho superior aos índices internacionais, com uma alta de quase 6% no ano em reais e mais de 15% em dólares.
Ainda que o resultado do produto interno bruto não chame a atenção de algumas pessoas, vale lembrar que o cenário externo não anda nada favorável. Os BRICs, por exemplo, enfrentam um momento delicado no ambiente geopolítico.
A Rússia iniciou um conflito que pode mudar completamente a configuração da economia global a partir das sanções e retaliações de um lado e de outro. A China novamente vive um tensionamento nas relações com o Ocidente - exemplo são os exercícios militares em Taiwan - acompanhado de uma desaceleração no crescimento.
A Índia, segundo país mais populoso do mundo, enfrenta questões culturais e religiosas que dificultam um desenvolvimento mais consistente. Diversos especialistas e fontes explicam que o sistema de castas do país é um grande gerador de desigualdades sociais, por isso, poucos economistas acreditam em uma ascensão indiana, apesar de grandes talentos saírem de lá.
A África do Sul, por sua vez, ainda enfrenta conflitos regionais e questões estruturais. Contudo, o país também tem um mercado importante de commodities. Para prosperar, no entanto, é preciso enfrentar os desafios e ainda lidar com mudanças climáticas e o atual cenário.
Já o Brasil vive mais uma vez um momento chave em seu futuro. Nos últimos anos, as reformas contribuíram para que o país pudesse se reorganizar e recuperar a credibilidade do mercado. Ainda que tais lições de casa tenham sido feitas “na média”, existem boas perspectivas a depender do que o próximo presidente eleito fará.
Segundo o gestor André Laport, da Vinland, neste momento o Brasil talvez seja o país mais seguro dos BRICs para o fluxo de capital estrangeiro. Como eu disse no início do artigo, a nossa bolsa acumula alta enquanto outros mercados despencam mais de 15% em 2022.
Informações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) também mostram que fomos os quartos colocados no fluxo de investimentos estrangeiros no primeiro trimestre de 2022.
O que vai acontecer daqui em diante é difícil de prever. Estamos em um caminho interessante, mas para continuarmos nele, o próximo presidente deverá fazer algumas lições de casa. Caso contrário, teremos mais inflação, juros altos e, claro, muitos problemas.
Bons negócios!