O ano de 2015 veio demonstrar o quanto a economia estava vulnerável aos erros cometidos no passado.
O descontrole das contas públicas, o dólar mantido por muito tempo sobrevalorizado, os preços administrados, o inchamento da máquina do estado e do seu custo, o populismo despesista e muitos outros erros cometidos.
Desde a era do Lula a Dilma deu-se e vendeu-se ilusões, a corrupção atingiu níveis incomportáveis, basta analisar o que aconteceu a joia do Brasil – a Petrobras (SA:PETR4), não que no Brasil a corrupção no passado não fosse sempre alta, mas nunca foi tão destruidora como no passado recente.
Houve anos em que estes erros, até pelo cenário interno e externo favorável, acabaram por ficar encobertos e num momento de maior dificuldade e de crise foram postos as claras.
A nível político o ano de 2015 foi degradante, irresponsável e conflituoso, mas teve o condão de mostrar mais uma vez que a nossa classe política, na sua maioria, não está ao nível que o Brasil precisa e sempre precisará.
É preciso ter a coragem de dizer isto, a nossa classe política no geral é fraca, movida por interesses pessoais e partidários, em que o Brasil fica para segundo ou terceiro plano e que o povo são somente atores secundários ou melhor dizendo, são apenas votos.
Neste aspeto não é de esperar grandes melhorias, até podemos assistir a uma maior degradação política.
Neste momento é imperioso estabilizar o cenário econômico e político, começando pelas contas públicas, a inflação e aumentar os níveis de confiança. Sem esta estabilização dificilmente voltaremos ao crescimento tão cedo. O governo terá que assumir uma postura de maior austeridade, na redução da despesa e no aumento de impostos, não chega só a volta da CPMF será preciso mais.
A inflação contínua alta e nada garante que esteja já na fase de arrasto ou inercial, é necessário que o BC continue a sua atuação forte no câmbio e na taxa Selic, e somente quando a redução da inflação for um fato sustentado, então nessa altura proceder a algum alívio especialmente na taxa de juros. Qualquer alteração neste momento na política de câmbio e de juros pode ser um grande erro, só servindo aos especuladores que querem obter ganhos fáceis e rápidos apesar de serem legítimos. A qualquer mercado interessa ter investidores de médio e longo prazo como também os especuladores, mas estes era bom que pudessem ser dispensados.
O risco Brasil aumentou, com isso é natural que os juros exigidos ao País também aumentem, e consequentemente o seu custo é maior, mas terá que se assumir precisamente esse fato e terá que se pagar mais aumentando as taxas de juros. O mercado o exige, tanto o investidor nacional como o internacional. Não é só por causa da inflação que as taxas de juros sobem, existem outras razões para a sua subida, como a que referi anteriormente a do risco Brasil.
Tem-se que em 2016 começar a construir uma base solida de estabilização para depois se pensar em crescimento efetivo, é irrealista pensar que no atual quadro, possa-se começar a construção pelo telhado e esquecer as fundações, pensar-se primeiro em crescimento antes de estabilizar o mercado e as contas públicas é uma alucinação a não ser que aconteça um milagre.
Ainda me surpreendo, com o devido respeito, como se pode defender certas alterações nas políticas cambiais e de juros no quadro atual inflacionário e de risco Brasil, provavelmente estarei enganado quando defendo que o Dólar neste momento poderá estar sobrevalorizado e que ao país não interessa que chegue a R$ 5,00 e que as taxa Selic deva subir pelo menos até os 15,75 pp até ao final de 2016.
É claro que a atuação do BC ao longo do tempo irá depender de muitos fatores, mas é uma grande falácia fazer depender o modo e a atuação do BC somente por causa do volume das reservas cambiais, existem outros mecanismos como a taxa de juros por exemplo. As reservas cambiais são precisamente para ser usadas em cenários adversos como o que o Brasil enfrenta hoje e não andar alimentar e ao sabor da especulação.
Volto a dar ênfase ao que já tinha escrito, que é necessário esperar os resultados de pelo menos do primeiro trimestre para fazer qualquer avaliação, as incertezas são muitas quer a nível político como a nível econômico, e a única afirmação valida neste momento é que a perfectiva para 2016 é de ser um ano difícil e globalmente os dados macroeconômicos serão ruins, falta saber se serão melhores ou menos piores que 2015.