Os mercados internacionais se animaram nesta semana com a postura dos principais bancos centrais do mundo - leia-se dos Estados Unidos (Fed), do Japão (BoJ) e da Inglaterra (BoE) - de reverter suas políticas monetárias. Mas a condução das taxas de juros nesse movimento reverso será em um ritmo bem diferente do anterior.
Assim, volta a ganhar força a narrativa do higher for longer, principalmente nos EUA. E foi isso o que tirou o fôlego do Ibovespa ontem. A bolsa brasileira acabou ficando de fora do rali dos ativos de risco após a Super Quarta. Já o dólar mostrou resistência para cair mais e afastar-se da marca de R$ 5,00.
Afinal, quanto mais espaçado (e demorado) forem os cortes por parte do Federal Reserve, menor será o ciclo de queda da Selic, com o Comitê de Política Monetária (Copom) deixando a taxa em um nível terminal mais elevado. Os investidores locais simplesmente não conseguem esconder esse desconforto, o que tampouco atrai os estrangeiros.
O “se” do mercado
A questão é que a bola está no campo do Fed - e não do Copom. Ainda que a piora da confiança local seja atrelada à decisão do BC brasileiro, a fragilidade do mercado doméstico se dá por fatores externos. Ou seja, se o Fed estiver realmente prestes a cortar os juros, o dólar vai ficar mais fraco em termos globais e a bolsa brasileira ficará ainda mais barata.
Mais que isso, se o primeiro corte nos juros dos EUA ocorrer mesmo em junho, seguido de outros dois ao final de cada trimestre - sendo o último após as eleições presidenciais de novembro - a chance de a Selic cair meio ponto por mais duas vezes ainda permanece, assim como a possibilidade de o juro básico terminar com a taxa mais perto de 9%.
Daí porque o peso sobre o Ibovespa ontem foi mais um ponto fora da curva do que uma tendência a ser seguida. Ainda mais com as ações globais caminhando para a melhor semana do ano, sendo que as bolsas de Nova York seguem renovando níveis recordes. Aliás, o sinal positivo predomina nesta manhã.
Merecem atenção hoje a fala do presidente do Fed, Jerome Powell e o relatório bimestral de receitas e despesas do governo brasileiro, ambos às 10h. Se a meta fiscal de déficit zero em 2024 for confirmada, o Copom será obrigado a suavizar o tom duro. Até porque a arrecadação recorde em fevereiro mostra que taxar é mais fácil do que cortar - os gastos, e não os juros.
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