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Brasil: De costas para o Mundo

Publicado 08.03.2021, 10:39
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Seguimos no “olho do furacão”. Se antes predominava alguma polarização doméstica, entre esquerda e direita, tudo piorou, com o negacionismo do presidente Bolsonaro frente à pandemia, agora mobilizando a atenção do mundo! Negar o uso de máscara, a vacinação, a necessidadde do “lockdown” emergencial, todas “peças de um enredo caótico”. Não é mais uma tola batalha ideológica, mas sim o confronto entre a razão e a loucura! 

Em resposta, o mundo vai se posicionando contra o governo brasileiro. Vários jornais internacionais (The Washington Post, The Wall Street Journal, The New York Times, The Guardian, El País, etc) já divulgaram pesados editoriais contrários aos movimentos caóticos do capitão. Para eles, preocupa, e muito, a cepa de Manaus, e suas mutações, o que pode tornar inócua a aplicação de algumas vacinas. 

No Brasil, os sistemas de saúde já entraram em colapso. Secretários de Saúde estão, literalmente, pedindo ajuda uns aos outros, dado o esgotamento no número de leitos. Comenta-se que os óbitos, entre 1,4 e 1,5 mil por dia, devem passar de 3 mil nas próximas semanas. Se isso não é caos, não sei o que é. 

N0 mundo, os programas de vacinação vão avançando, mesmo que com alguns atrasos e lentidão. É fato inconteste que há uma “corrida alucinada” por vacinas, e gargalos, acabam previsíveis. Mas é fato também o atraso, ou total falta de planejamento, do governo Bolsonaro. Saiu uma nota da Pfizer, de que foram oferecidas, em agosto de 2020, 70 milhões de doses ao Brasil e este negou! Se tivesse aceito, estas teriam chegado em dezembro de 2020. Talvez o quadro hoje fosse outro.  

Mundando de assunto, além do caos da pandemia no Brasil, os investidores devem estar atentos nesta semana à votação da PEC Emergencial na Câmara e o IPCA de fevereiro. Na votação da PEC já existem pressões de deputados pedindo aumento no valor do auxílio emergencial. No mercado o temor com a inflação e o consequente aperto monetário nos EUA ofuscam o otimismo com a aprovação do pacote fiscal de Joe Biden no Senado, neste fim de semana, e pressionam os T Bonds de 10 anos. Estes (ver gráfico), acima de 1,6%, vão penalizando os mercados de ações em NY. Na semana estejamos atentos aos vários indicadores de inflação a serem divulgados – EUA, China, Alemanha, Reino Unido. Estejamos atentos também as decisões de Política Monetária do BCE.   

Pode ser uma imagem de texto que diz "US 10y yields and oil price -US 10y yield 1.5924 1.8000 1.5924 1.4000 1.2000 Jan Feb Mar 1.0000 Apr Source: Bloomberg May Jun Jul 2020 0.8000 Aug Sep 0ct Nov Dec 0.6000 Jan Feb 2021"

Comportamento dos ativos

Neste momento, volatilidade nos mercados, aumento do risco Brasil, inflação em alta, juro na mesma toada, assim como câmbio mais depreciado. 

  • Inflação 

Tendência de elevação. Semana de IPCA de fevereiro. Na Focus, a expectativa é de algo em torno de 0,45%, mesma projeção da WIND. Para o ano, a alta do IPCA passou de 3,87% para 3,98%. Assim, permanece acima do centro da meta oficial, de 3,75%. Para 2022 permanece em 3,50%, exatamente o objetivo. Para ambos os anos, a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Saiu agora pela manhã, o IGP-DI, desacelerando para 2,71% em fevereiro (acima da mediana  de 2,25%), ante 2,91% em janeiro. O IPA-DI subiu 3,40%, o IPC-DI +0,54% e o INCC-DI +1,89%. Já o  IPC-S aumentou para 0,67% na primeira prévia de março. 

  • Taxa de Juros 

   Tendência de alta. Continuiamos com pressões na inclinação da curva de juro futuro, tanto para as pontas curtas como para as longas. Para a próxima reunião do Copom, em março, cresce a possibilidade de elevação da taxa Selic, para 2,5%.  O cenário no ano, para a taxa básica de juros, permanece em 4,0% ao final deste ano, mas para 2022 passou de 5,0% a 5,50%. 

  • Câmbio 

O caos da pandemia pressiona o câmbio no Brasil, somando-se ao comportamento do dólar mais valorizado no mercado global. No ano, o dólar acumula alta de 10% frente ao real, tendo fechado na sexta-feira (dia 5) a R$ 5,68.  A pesquisa Focus trabalha com o dólar a R$ 5,15 ao fim de 2021, contra R$ 5,10 na semana anterior. Para o ano que vem a taxa subiu a R$ 5,13, de R$ 5,03. Mantemos R$ 5,10 para este ano e R$ 5,30 no ano que vem. 

Agenda semanal

Numa semana carregada de indicadores, estejamos atentos ao IPCA de fevereiro e o PEC Emergencial. A Câmara de Deputados deve concluir a votação da medida provisória (MP) sobre crédito consignado e começar o debate da PEC Emergencial. Votação ainda deve acontecer nesta semana. Nos indicadores da sermana, atenção para o IPCA de fevereiro (5ª feira), os dados do CAGED na 3ª feira, a PNAD Contínua trimestral (4ª feira) e as vendas do varejo na 6ª feira.

No exterior, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, participam de evento do Fundo (12h00) e saem os estoques no atacado nos EUA (12h00). Amanhã tem o PIB da zona do euro no 4º trimestre e a inflação ao consumidor (CPI) da China. 4ª feira tem CPI dos EUA. Na 5ª feira, o Banco Central Europeu (BCE) divulga sua decisão de política monetária e a Opep, relatório mensal. 6ª feira é dia de CPI da Alemanha, do Reino Unido, além de produção industrial da zona do euro.

Estejamos atentos também a uma bateria de balanços a serem divulgados (MAGALU (hoje), BR Distribuidora (SA:BRDT3) (3ª feira), Brasken (4ª feira)  Eletrobras (SA:ELET3) (6ª feira). 

Bons negócios a todos!

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