A degradação do cenário político e de confiança contínua, a apresentação da proposta de orçamento de 2016, que vai gerar muita discussão por causa dos cortes sociais e a recriação da CPMF, e ainda por cima o superávit primário de 0,7% pode vir a ser zerado.
Tinha referido que o déficit de R$ 120 bilhões para 2015 que foi sancionado até podia ter um impacto relativo, visto que já se estava à espera, mas, para 2016, é obrigatório um orçamento mais arrojado de contenção da despesa e aumento de impostos, numa tentativa de afastar o possível downgrade, agora com uma probabilidade muito mais elevada, ou já tido como certo.
O orçamento de 2016 mais parece um jogo de pôquer: o governo vai apostar e pagar para ver o que acontece.
Porque nada parece que vá mudar. A correção das contas públicas (ajuste fiscal) dificilmente será feito ou ficará aquém do que deveria.
O orçamento de 2016 tem de ser crível, para que haja mais confiança no país, apesar do descredito do atual governo que está fragilizado.
A projeção dos dados macroeconômicos para 2016 são péssimos, a inflação mantém-se alta, o desemprego irá aumentar, o rendimento disponível vai diminuir, o PIB irá manter-se em queda, taxa Selic irá subir e a cotação do dólar depende da capacidade do BC em administra-la.
Será que o governo está à espera da consumação do downgrade – cada vez mais perto e certo.
Só que com a consumação do downgrade por parte da Fitch e da Moody’s associado à subida dos juros pelo FED, pode levar à saída massiva de capital estrangeiro do Brasil, reduzindo as reservas cambiais, que tem servido de segurança e suporte do BC e reduzir a sua capacidade de intervenção, ficando na mão dos especuladores.
O BC pode tentar conter parte desta saída massiva de reservas cambiais, através do aumento da taxa Selic, pagando um prêmio mais elevado pelo risco e, com isso, até pode atrair alguns investidores com apetência para riscos elevados, mas que exigem um prêmio maior.
A fatura a pagar será sempre alta pela situação econômica atual, e poderá ainda ser maior.
Há momentos que preferia que o downgrade já tivesse acontecido, a subida da taxa de juro pelo FED já fosse um facto, a taxa Selic tivesse subido e o dólar bem acima de R$ 4,00, isso porque se o governo espera pagar para ver, então tenhamos já as cartas na mesa e vamos ver quanto o país perde.
Pelo menos assim o mercado já saberia com o que contar, ao invés de especular sobre as incertezas.
Continuo a recomendar cautela e prudência e uma atuação no curto prazo, pois temo que o cenário tende a piorar e a manter-se caótico em 2016.
As cartas do governo são fracas, dificilmente irá ter uma mão ganhadora e o país pagará o preço de esperar para ver.
Vamos ver….