Publicado originalmente em inglês em 02/08/2021
Depois de um ano de ganhos notáveis, a gigante do e-commerce Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) enfrenta agora uma maré brava.
Suas ações afundaram quase 8% na sexta-feira, maior queda do papel em mais de um ano, após esse peso-pesado do varejo eletrônico decepcionar os investidores em seu último balanço, divulgado na quinta-feira, após o fechamento.
Os resultados do 2º tri em si não foram ruins. A gigante da tecnologia sediada em Seattle apurou US$113,1 bilhões em vendas, um salto de 27% no período encerrado em 30 de junho, um pouco abaixo do consenso de US$115 bilhões. O lucro foi de $15,12 por ação no período, superando a estimativa média de US$12,28.
Os investidores também fizeram vista grossa para o lucro acima do esperado e o forte desempenho da sua unidade de publicidade e do seu serviço de computação na nuvem, o Amazon Web Services. A receita do AWS saltou 37% no trimestre, para US$14,8 bilhões, maior alta ano a ano em vendas em dois anos. A receita proveniente de “outros”, principalmente vendas publicitárias, subiram 87% para US$7,92 bilhões. Ambas as unidades ficaram acima das estimativas dos analistas.
Mas, além desses números fantásticos de crescimento, a Amazon não tinha muito mais para satisfazer os investidores sedentos por crescimento e preocupados com o fato de que o melhor momento da varejista online durante a pandemia já havia ficado para trás.
A atenção dos acionistas está voltada à unidade principal de comércio eletrônico da companhia que, de fato, está desacelerando, principalmente a partir do momento em que o fundador Jeff Bezos transferiu o cargo de CEO para o antigo executivo da companhia, Brian Olsavsky. Em uma teleconferência, o CEO não mediu palavras sobre a situação, dizendo aos analistas que a desaceleração nas vendas continuará pelo resto do ano.
“As pessoas estão saindo de casa e fazendo outras coisas além de comprar", disse Olsavsky em uma teleconferência com jornalistas, ao se referir à reabertura da economia após mais de um ano de restrições que criaram um ambiente propício para compras online.
Analistas continuam otimistas com a ação
A receita ficará na faixa de US$106-112 bilhões no período que se encerra em setembro, afirmou a Amazon. O lucro operacional ficará entre US$2,5-6 bilhões. Os analistas, em média, projetaram US$8,11 bilhões em lucro sobre vendas de US$118,7 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Apesar de alguns reveses nos resultados, a maioria dos analistas de Wall Street continua otimista com as perspectivas de longo prazo da companhia e sua posição de liderança no e-commerce. Embora alguns tenham ajustado seus preços-alvos na ação diante da desaceleração das vendas, muitos acreditam que qualquer fraqueza prolongada oferece uma oportunidade de compra.
O Telsey Advisory Group classifica o papel como outperform (acima da média), com preço-alvo em US$4000. Os analistas da empresa disseram, em nota, que a Amazon está ficando mais valiosa no ambiente pós-pandemia.
“Entendemos que as ações da Amazon devem cair, em vista dos resultados mais baixos no 2T21 e uma perspectiva menor no 3T21. Dito isso, acreditamos que a empresa tem uma execução de alto nível e deve continuar ganhando participação de mercado, aproveitando-se da sua base de clientes fiéis, relacionamentos com pequenas empresas e consolidação do varejo. O foco em novos negócios e iniciativas – supermercado, farmácia, moda, casa, marcas privadas, terceirizadas, entrega no mesmo dia/de um dia e Amazon Logistics – faz com que a Amazon seja uma empresa mais valiosa”.
Stifel Nicolaus, que também tem recomendação de compra na ação, com preço-alvo de US$4400, disse:
“Agora temos uma visibilidade melhor para o segundo semestre e estimativas estão ajustadas para refletir melhor o novo normal à medida que saímos da pandemia. Acreditamos que o cenário agora é atraente, e compraríamos o papel em caso de declínio por causa do relatório desta noite”.
Dos 49 analistas pesquisados pelo Investing.com, 48 recomendavam compra na AMZN, classificando-a como acima da média.
Gráfico: investing.com
A média para o preço-alvo de 12 meses dos participantes foi de US$4169, ou um upside de +25%.
Conclusão
As ações da Amazon podem passar por uma correção maior após a fraca projeção para o 3º tri no e-commerce, após a forte atividade de compra vista durante a pandemia.
Mas essa fraqueza oferece um ponto de entrada melhor para investidores que aguardam de fora, em vista da rápida expansão de receitas das unidades de nuvem e publicidade da companhia, além da sua posição ainda dominante no comércio eletrônico.