A semana foi marcada por uma sucessão de notícias positivas em termos de indicadores econômicos do Brasil. Os dados da PNAD mostraram a continuação da queda da taxa de ocupação, movimento que vem se estendendo já por meses. Sob algumas métricas do indicador, estamos no melhor momento do mercado de trabalho desde o ano de 2015 (com ressalvas evidentes e que merecem maior discussão).
Além disso, o PIB do segundo trimestre mostrou expansão de 1,2%, acima do esperado pelo mercado. Os números para o trimestre anterior também foram revistos para cima, ou seja, não somente a atividade estava mais forte no segundo trimestre, como também o ano como um todo opera em um nível de PIB mais elevado. Tanto PIB como taxa de desocupação são fatores fundamentais para a análise da conjuntura econômica, merecendo, portanto, uma discussão mais pormenorizada.
Sob a ótica da oferta, todos os setores do PIB registraram alta no período. Destaque para o avanço de 2,2% na indústria, além da alta de 1,3% em serviços, enquanto setor agro cresceu 0,5%.
Pelo lado da demanda, o crescimento da atividade econômica foi impulsionado pelo avanço de 4,8% na formação bruta de capital fixo, ante queda de 3,0% no trimestre anterior, e pela alta de 2,6% na despesa de consumo das famílias. A despesa de consumo do governo, por outro lado, registrou queda de 0,9% em relação ao trimestre anterior. Adicionalmente, as exportações de bens e serviços caíram 2,5%, influenciadas principalmente pela queda no preço e embarques de minério de ferro, enquanto as importações subiram 7,6%, refletindo o bom desempenho da indústria da transformação.
Todos os setores encontram-se acima do nível pré-pandemia, com destaque para serviços e indústria, 3,7% e 2,6% acima, respectivamente. Com o resultado do segundo trimestre, o consumo das famílias também superou o patamar pré-pandemia e se encontra 1,9% acima do nível registrado no final de 2019. Agora, o PIB está no maior valor desde 2014 e o carrego para o restante do ano é de 2,6%. Projetamos crescimento de 3% para o ano de 2022 fechado.
Já a taxa de desocupação medida pela PNAD Contínua recuou novamente, saindo de 9,3% para 9,1% no trimestre móvel encerrado em julho, marcando o menor patamar desde dezembro de 2015. A taxa de desemprego com nosso ajuste sazonal manteve-se estável em 9,3% quando comparada ao trimestre anterior. A taxa de participação, por sua vez, registrou leve alta para 62,7%.
Apesar de demonstrar alguma desaceleração, o mercado de trabalho continua reportando forte desempenho ao longo do ano. O aumento da população ocupada, que atingiu recorde, dá suporte para a recuperação observada na renda média habitual, além de favorecer a atividade econômica, apesar da alta inflação continuar prejudicando o nível de renda observado quando comparado ao ano anterior.
Consideramos, em todo caso, que a divulgação dos dados desta última semana reforça um cenário positivo para a economia em 2022, motivo pelo qual revisamos nossa projeção de PIB para 3,0% no ano.