Foi com essa frase - Bolsonaro compromete a imagem do Brasil no exterior - que o ex-presidente Fernando Henrique criticou o presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Entendo que FHC, como ex-presidente, deveria se posicionar em prol do país e torcendo para que Bolsonaro faça bom governo e aprenda o mais rapidamente possível o que é ser presidente. Afinal, nem mesmo o FHC, intelectual, sabia exatamente o que era ser presidente. Precisou encarar, logo depois de sua posse, várias crises internacionais.
Bolsonaro vai herdar uma terra arrasada pelos desmandos petistas e a necessidade de engendrar inúmeras reformas imediatamente, muitas delas contrariando e interagindo diretamente com a população. Portanto, o novo presidente precisa do apoio de todos para dar certo, principalmente de formadores de opinião desse quilate.
Estamos na fase de formação da equipe do novo governo e, até o momento, a atitude parece irreprochável. Bolsonaro convidou um economista de renome para a Fazenda e um juiz da Lava Jato para cuidar do Ministério da Justiça e Segurança. Tem ainda a ajuda de alguns generais de brilhante carreira em “postos chaves”. Para Ciência e Tecnologia, o “astronauta”, assim chamado pejorativamente, para diminuir o currículo bem substancioso, exatamente na área de ciência e tecnologia, de Marcos Pontes. Além disso, espera manter a gestão do Banco Central, provavelmente a melhor dos últimos anos.
Diante disso, fica difícil entender a declaração de FHC. Não dá para comparar Bolsonaro com Dilma, ou Paulo Guedes com Guido Mantega. Não dá para comparar a atitude de governos passados na “operação toma lá, dá cá”, preenchendo ministérios e cargos de outros escalões com pessoas totalmente dissociadas das atividades dos ministérios. Ou então sem currículo para ocupar cargos; somente para obter apoios que nem sempre foram fiéis.
Ao contrário, Bolsonaro segue na tentativa de encontrar pessoas certas para lugares certos, sem misturar com a política. Parece claro que em alguns momentos terá que acatar sugestões políticas, mas, somente a disposição de não o fazer, já é elogiável. Temos que nos conscientizar que Bolsonaro está eleito e que, diante de seus quase 58 milhões de votos, merece o crédito para governar, e pelo menos a boa vontade daqueles que lhe fizeram oposição durante as eleições, ou que ficaram em cima do muro, como muitos do PSDB.
Certamente FHC falava isso por conta de algumas reportagens que saíram em meios de comunicação no exterior, como o Financial Times. Algumas já deslocadas no tempo. Porém, citamos o Credit Default Swap (CDS) do Brasil que o ex-presidente e seu ministro Malan bem conhecem, que desde a eleição de Bolsonaro caiu mais de 100 pontos, já abaixo dos 200 pontos (em 195 pontos).
Independente das convicções de cada um ou de quem tenham votado, os brasileiros serão governados por Bolsonaro nos próximos quatro anos. Então é hora de nos irmanarmos e ajudar ou torcer pelo sucesso dele. A situação crítica do país exige isso de todos nós.
Vamos torcer para que o presidente eleito escolha muito bem sua equipe de ministros e secretariado, suas prioridades fundamentais, que consiga montar sólida base de apoio no Congresso Nacional, que consiga a aprovar reformas essenciais, duras, na direção correta. E, finalmente, que o Brasil deixe de ser o país do futuro para ser, no médio prazo, o país do presente e com forte volume de investimentos.
Caro ex-presidente Fernando Henrique, Bernard Shaw dizia que “o homem sensato se adapta ao mundo. O insensato persiste em tentar adaptar o mundo a si”.