Nos últimos dias, vimos os mercados entrarem em uma onda negativa e isso colocou um certo grau de dúvida e anseios em alguns investidores. Tentar explicar este movimento no detalhe seria loucura, mas podemos olhar para o todo e elencar alguns pontos de atenção.
No Brasil, entre os dias 20 de setembro, data do último anúncio da Selic, e 6 de outubro, vimos uma queda de 5,37% do Ibovespa, que saiu de 118 mil para cerca de 112 mil.
Se buscarmos um recorte de período maior, ao olharmos o comportamento do índice de julho até outubro, são quase 9% de queda.
Nos Estados Unidos, que também tem adotado uma política monetária mais restritiva, vimos um movimento bastante parecido.
O S&P, do período que compreende 20 de setembro até o início de outubro, são quase 4% de queda. Vale lembrar que a decisão de juros do Federal Reserve ocorreu no mesmo dia em que o Banco Central do Brasil definiu a taxa básica por aqui.
Além disso, falas de Jerome Powell, consideradas mais duras por agentes de mercado, acabaram criando aversão a risco com peso sobre países emergentes.
Em paralelo ao cenário traçado acima, temos uma queda da atividade na China, que antes ajudava a equilibrar a desaceleração nas principais economias do mundo.
Estímulos foram feitos, mas a recuperação econômica do país, de acordo com alguns economistas, ainda não se consolidou no pós-pandemia com demanda interna insuficiente, incertezas externas e pressões sobre o mercado de trabalho.
Sobre as perspectivas, muitas questões ainda estão em aberto.
Algumas projeções já começam a considerar uma recessão nos Estados Unidos em 2024 e não em 2023 como previam alguns especialistas.
As falas do CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, sobre o mundo não estar preparado para taxas referenciais do FED de 7%, também chamaram atenção.
De acordo com o executivo, os juros podem ser ainda mais elevados pela autoridade monetária norte-americana caso seja necessário, em contraste com a visão de consenso de que o ciclo de aperto se encerrará em 5,5%, o maior nível em mais de 20 anos.
É esperar para ver.
Do lado do investidor, é interessante olhar para os indicadores de inflação nos Estados Unidos, ainda que boa parte dos ativos estejam alocados no Brasil.
Isto porque, a depender das próximas decisões do FED, novas quedas da Selic podem ter seu ritmo diminuído e afetar o mercado por aqui.
Portanto, a dica é ter cautela neste momento.
Trata-se de um momento de virada nos mercados, com várias classes de ativos além das ações, sendo afetadas. Em alguns casos, criam-se oportunidades, mas esses movimentos também podem machucar.
A diversificação, como eu costumo enfatizar neste espaço, é, sem dúvidas, o caminho para aproveitar esses momentos e também para se defender de eventuais problemas.
Pense nisso!
Até a próxima!