A bolsa não para de subir! Com um fluxo de gringos de quase 4 bilhões no início do ano, chegamos a incríveis 125 mil pontos, recorde histórico para o Ibovespa.
É importante notar o "estrago", no bom sentido, que um fluxo pode causar nos mercados. Ainda mais em uma época de baixa liquidez e com muitos gestores de férias.
É também importante notar que não chegamos a este nível por mérito próprio. Não resolvemos o problema fiscal, não encaminhamos as vacinas, não temos bons políticos e não estamos investindo em produtividade. Essa descorrelação entre o mundo real e o resultado do Ibovespa é bem comum. Não se opera bolsa, principalmente no curto prazo, olhando para o PIB.
É importante saber disso, pois, se você compreende o motivo da alta, fica mais fácil deduzir se ela continuará acontecendo ou se será revertida.
Semana que vem tem Copom
Semana que vem teremos Copom, e esta semana será importante para pavimentar as decisões, pois teremos dados de IPCA e IGPs.
O Banco Central falou, em seu último comunicado, que pode retirar o forward guidance em breve, por exemplo março, e isso acabou levando o mercado a reforçar as altas previstas na curva.
Note que o mercado não estima praticamente nada de alta nesta reunião, mas aproximadamente uma alta de 25 pontos base na próxima.
Ou seja, o mercado precifica que a retirada do forward guidance significa alta de juros. O BC já foi bem enfático dizendo que não, mas o mercado segue com receio da Selic baixa, com receio do dólar e do fiscal.
Por outro lado, economistas estão revisando os dados de atividade do primeiro semestre para baixo. Se isso seguir, juntamente com uma acomodação nos dados de inflação de curto prazo, acredito que ficaria muito difícil o BC subir juros no primeiro semestre do ano.
Note também que o mercado espera que a Selic suba 300 bps, chegando em 5 por cento ainda este ano! Ou seja, espera que o BC retire grande parte dos estímulos monetários. Será?
Lembre-se de que não é porque a bolsa está subindo que a atividade está forte. Temos um abismo aqui
O risco é político
No mercado de sexta-feira, Baleia Rossi (candidato a presidente da Câmara da oposição) disse que estaria juntando assinaturas para prorrogar o estado de calamidade e auxílio emergencial. O mercado de renda fixa se assustou barbaramente com isso.
Claro, afinal, esse é o maior risco da nossa economia. Não temos espaço algum para subir os gastos. Pelo contrário! Precisamos de novas políticas contracionistas para evitar bater o teto de gastos. Depois de batido, precisamos nos forçar a não furar o teto. Isso, por si só, já será bem difícil.
Mas notem a retórica: o Baleia não representa o governo e está lá representando os pleitos da oposição. Ele quer visibilidade e tenta isso através de retórica populista, como comumente faz a esquerda.
Em outras palavras, esta é exatamente daquelas horas em que a reação do mercado me parece em cima de fumaça, e não de fogo. Claro que o risco de furar o teto sempre existe, mas não me parece que o discurso de um cara que quer angariar votos da esquerda e que é o candidato em oposição ao candidato do governo represente uma ameaça fiscal real.
Lembrando que o estado de calamidade pública tem que passar pelo ok do Presidente!
Ou seja, na minha visão, isso foi fumaça e deve se dissipar. O risco do prefixado longo está para mim muito mais ligado ao câmbio e ao potencial de uma desvalorização da moeda causar novas pressões inflacionárias nos preços do atacado.
Vamos observar atentamente!
Observando os movimentos Macro, você pode balancear sua carteira aumentando e diminuindo risco quando for conveniente