Falar sobre a nova conjuntura econômica de juros baixos e inflação próxima da meta começa a se tornar algo corriqueiro, banal. Mas a repetição acontece porque o momento que estamos vivendo marca uma mudança significativa para os investidores brasileiros.
Agora, buscar bons rendimentos exige um perfil mais arrojado, dinâmico, disposto a encarar investimentos mais arriscados. Fato que vem tornando a bolsa de valores o principal caminho para alcançar as metas financeiras.
Ciente do momento, as empresas estão de olho na captura desse novo fluxo de capitais. Tanto que, para este ano, as principais instituições financeiras já estimam um volume de negócios entre R$125 bilhões e R$200 bilhões provenientes de ofertas iniciais e subsequentes de ações (IPOs e follow-ons).
Grande parte dessa atratividade da bolsa vem da variedade de modalidades que atendem aos mais diversos perfis de investidores, além de vantagens, como isenção de Imposto de Renda (limitado à venda de até R$ 20 mil por mês) e a possibilidade de retorno rápido. Mas é importante destacar que existem particularidades neste mercado. Marcado pela divisão entre compradores (bull) e vendedores (bear), os preços dos ativos costumam flutuar de acordo com o humor dos investidores. Mas se é verdade que todos acham que a bolsa vive um bom momento e o mercado depende da disputa entre compradores e vendedores, chegamos à pergunta final: será que vale a pena investir na bolsa agora?
As projeções de crescimento econômico para 2020 sustentam o mercado comprador, otimista por natureza. Aliás, eles encontram o conforto necessário no histórico da maior tendência de alta do Ibovespa entre outubro de 2002 e maio de 2008, onde foi acumulado um crescimento de 773,11%, para redobrar as apostas neste momento da bolsa que acumula “apenas” 208% de crescimento nos últimos quatro anos. Ou seja, dentro dessa lógica, ainda há muito espaço para crescer.
Mas nós sabemos que, na prática, resultado passado não é garantia de resultado futuro. Por esse motivo, o mercado vendedor se orienta por um cenário técnico “esticado”, que sugere a possibilidade de grandes correções de preços após um longo período de alta, o que significaria queda brusca na bolsa.
Em outras palavras, o mercado financeiro vive o seu cenário de sempre: otimistas contra pessimistas; compradores de um lado, vendedores de outro; uns com vontade de ganhar, outros com medo de perder. Pode parecer piegas, mas sempre será assim quanto se trata de um coletivo de indivíduos. Para resolver o impasse, os métodos de análise técnica, para estudo de preços, e análise fundamentalista, para estudo de empresas, buscam reduzir a subjetividade das informações no momento da tomada de decisão sobre comprar ou não um ativo. Mas eles jamais poderão confirmar um evento futuro de forma que não tem jeito. Quando se trata de renda variável, o risco sempre estará presente.
Por isso, na minha leitura, a discussão sobre o momento certo ou errado de colocar seu dinheiro na bolsa pouco importa. Sempre será a hora certa de investir nela se você souber como e onde. As oportunidades e as ameaças estarão sempre aí, cabe a cada um de nós saber aproveitá-las.