Com o isolamento social passando de dois meses de duração, os debates sobre o que vem após a pandemia estão cada vez mais aquecidos, especialmente sobre a experiência do home office.
Apesar dos pontos positivos, as privações do isolamento já começam a afetar negativamente o nosso dia a dia. Conversando com um colega a respeito, veio o desabafo: “Se ao menos tivéssemos os campeonatos de futebol…”
E, pensando nisso, resolvi falar um pouco sobre o futebol e o setor de entretenimento.
Quem é fã do esporte já deve estar acompanhando o campeonato alemão que voltou há pouco mais de duas semanas, ainda com portões fechados, mas com direito ao barulho das torcidas pelos alto falantes e a venda de 13 mil ingressos solidários para ajudar no combate à Covid-19.
O próximo campeonato que deve retornar é o português, já previsto para os próximos dias, acompanhado do espanhol, esperado para primeira quinzena do mês de julho. Mas para quem gosta de gritar “vive la France!” as notícias não são tão boas, já que o campeonato francês foi cancelado. E aqueles que querem ver o Arsenal e Chelsea da Inglaterra, precisam de um pouco mais de paciência, pois ainda não há data prevista para a volta do campeonato inglês. Já nos gramados brasileiros, os times estão voltando aos poucos para os treinos, mas apenas o Grêmio e o Internacional estão utilizando o Centro de Treinamento (CT).
Feita esta longa introdução, a bola agora vai para o campo financeiro.
A indústria do entretenimento vem buscando se reinventar nesse período de quarentena, a exemplo do grande número de lives que estão ocorrendo no YouTube e no Instagram semanalmente.
Na B3, temos apenas uma empresa do segmento, a Time For Fun, sob o ticket SHOW3, característico pelo seu volume de negócios sazonal, concentrados nos meses de julho e dezembro. A T4F atua em três segmentos distintos do entretenimento: música ao vivo, peças de teatro no teatro Renault e de eventos esportivos, sendo responsável pela Stock Car. Todos eles impactados significativamente pela pandemia, já que são todos eventos presenciais, indicando que a única empresa do setor com capital aberto terá um dos percursos mais longos até a retomada do segmento. A alternativa, por enquanto, é pensar como os times da Alemanha e produzir um evento com bilheteria virtual.
De acordo com o levantamento realizado pela Abrape, mais de 51% de todos os eventos programados para 2020 já foram adiados, cancelados ou têm a sua realização ainda não confirmada por conta da pandemia. Segundo a associação, são cerca de 300 mil eventos em risco neste ano, o que deve gerar um prejuízo bilionário para o setor. O país sofrerá bastante esse impacto, já que, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Aneoc), o setor representa aproximadamente 4% do PIB brasileiro.
O setor de entretenimento é mais um dos grandes afetados pela crise e potencialmente terá grandes mudanças daqui para frente. A torcida fica para o desenvolvimento de uma vacina e a volta da normalidade do cotidiano e dos eventos, claro.