Desde julho de 2018, as exportações mensais brasileiras de carne bovina in natura estão acima de 100 mil toneladas. Até então, a sequência anterior mais longa com os embarques acima dessa quantidade havia sido verificada entre maio de 2006 e junho de 2007, ou seja, por 14 meses. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é resultado da demanda internacional – sobretudo chinesa – aquecida. No campo, contudo, a produção brasileira não conseguiu acompanhar o avanço na demanda por carne. O resultado foi o contínuo aumento nos preços do boi gordo, da reposição e também da carne negociada no mercado atacadista nacional. Em julho de 2018, o valor médio real do boi gordo (valores foram deflacionados pelo IGP-DI) estava em R$ 209, saltando para R$ 219 no encerramento daquele ano. Em 2019, a arroba passou a ser negociada acima de R$ 220 em praticamente todo o ano e, em 2020, superou os R$ 300. Nos primeiros cinco meses de 2021, o boi gordo tem sido comercializado em torno de R$ 310. Na B3 (SA:B3SA3), os contratos com vencimento no final deste ano operam na casa dos R$ 330.
SUÍNOS: LIQUIDEZ INTERNA E EXTERNA ESTÁ BAIXA; PREÇOS RECUAM
As vendas de carne suína estão desaquecidas no mercado doméstico desde o início deste mês, segundo informações do Cepea. Isso pressiona as cotações de cortes e carcaças e reduz a demanda da indústria por novos lotes de animais. As exportações da proteína suína, por sua vez, tiveram forte recuo na segunda semana de maio, reforçando o cenário de baixa liquidez. De acordo com relatório parcial da Secex, foram exportadas 3 mil toneladas/dia de carne suína fresca de 10 a 14 de maio, baixa de 47,8% frente à média de 5,7 mil t/dia verificada na primeira semana do mês. No mercado do suíno vivo, a preocupação de produtores com os insumos nutricionais, principalmente o milho, tem pressionado os valores. O receio de novas elevações nas cotações do cereal e a dificuldade de aquisição no mercado spot faz com que suinocultores não consigam segurar animais na granja, ofertando-os a valores reduzidos para escoar a produção.
IPPA: IPPA/CEPEA AVANÇA 5% ENTRE MARÇO E ABRIL
Em abril, o IPPA/CEPEA (Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários) registrou alta de 5%, em termos nominais, frente a março de 2021. Segundo informações do Cepea, esse resultado reflete as variações positivas registradas nos índices IPPA-Grãos, com elevação de 4,2%; IPPA-Pecuária, aumento de 1,6%; e IPPA-Cana-Café, com avanço importante de 23,2%. Por outro lado, na mesma comparação, o índice IPPA-Hortifrutícolas registrou queda de 7,4%. O desempenho do índice de grãos está atrelado à variação positiva dos preços nominais do milho, do trigo, da soja e do arroz. Para a pecuária, o avanço é resultado da valorização nominal do leite, do boi gordo, do frango vivo e dos ovos, contrapondo-se às quedas observadas para o suíno vivo – que acumula baixas nominais sucessivas ao longo deste ano. A expressiva alta, em termos nominais, observada para a cana-de-açúcar e o café foi responsável pelo desempenho do índice composto por ambos os produtos. Já para os hortifrutícolas, o resultado está atribuído às quedas observadas nos preços nominais da batata, da banana e da uva. Na mesma comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais, calculado e divulgado pela FGV, avançou 2,9% – logo, de março para abril, os preços agropecuários se valorizaram frente aos industriais da economia.