Em junho, o preço médio da arroba da carne bovina negociada no atacado da Grande São Paulo seguiu superior ao do animal para abate (Indicador CEPEA/B3, mercado paulista), contexto que vem sendo verificado, em termos gerais, desde o encerramento de 2016. No entanto, essa vantagem diminui bastante no mês. Segundo pesquisadores do Cepea, isso evidencia que o ritmo de alta dos preços do boi está acima do observado para a carcaça, o que, por sua vez, pode estar atrelado ao recente enfraquecimento da demanda brasileira pela carne, diante do menor poder de compra da população, que deve estar em busca de proteínas mais competitivas. Segundo dados do Cepea, em junho, a diferença entre os preços da arroba do animal e da carcaça casada foi de apenas 1,18 Real/@, com vantagem ainda para a carne negociada no atacado. Essa é a menor diferença desde agosto de 2018, quando esteve brevemente negativa, em 0,4 Real/@, ou seja, com a arroba do animal negociada acima da carne no atacado. Como comparação, em junho do ano passado, a diferença era de 10,24 Reais/@, com vantagem para a carne no atacado.
SUÍNOS: COTAÇÕES ENCERRAM JUNHO EM ALTA
Do animal vivo aos cortes, as cotações dos produtos de origem suinícola tiveram altas consecutivas ao longo de junho, encerrando o mês no positivo. Segundo colaboradores do Cepea, as valorizações se deram principalmente pelo aumento na liquidez doméstica e externa, fator que aqueceu a cadeia produtiva e elevou a demanda das grandes indústrias por animais no mercado independente. No contexto doméstico, a reabertura parcial do comércio em importantes regiões consumidoras favoreceu a procura pela carne suína. No mercado externo, colaboradores do Cepea apontam que a demanda chinesa esteve bastante aquecida, o que pode estar atrelado aos contínuos casos de Peste Suína Africana (PSA) na região asiática e também a recentes casos de febre aftosa. Em maio, China e Hong Kong foram destino de 73,1% dos embarques de produtos suinícolas brasileiros. Apesar da recuperação frente aos meses anteriores, as cotações ainda estão abaixo das registradas no mesmo período de 2019, em termos nominais. A carcaça suína seguiu a mesma tendência do animal vivo, e para os cortes, as valorizações foram ainda mais intensas, fazendo com que as médias de junho superassem as do mesmo mês de 2019. Além da demanda aquecida, a oferta esteve mais limitada. Agentes do setor relatam que alguns frigoríficos têm funcionado com escalas menores, por conta de medidas sanitárias de prevenção ao coronavírus.
UVA: OFERTA NACIONAL PODE SEGUIR BAIXA EM JULHO
A disponibilidade de uvas do Vale do São Francisco (PE/BA) está baixa no mercado interno desde o início do ano, devido a problemas causados por chuvas (que reduziram a produtividade) e também ao bom ritmo das exportações. Esse cenário vem favorecendo os preços domésticos da fruta. Na parcial de junho (1º a 19/06), a média da branca sem sementes era 28% superior aos valores registrados em junho de 2019. Segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, a previsão é de que a oferta continue baixa pelo menos até o final de julho, ainda por conta de problemas de qualidade causados pelas precipitações nos primeiros meses do ano. Já a partir de agosto, as uvas locais devem apresentar maior qualidade, visto que a umidade nos parreirais deve ser menor. Assim, o volume colhido deve aumentar gradualmente até atingir o pico de produção, a partir da primeira quinzena de setembro. Vale mencionar que a janela de exportação do segundo semestre geralmente se inicia em setembro, e, diante do dólar valorizado frente ao Real, espera-se que bons volumes sejam enviados ao exterior. No entanto, a concorrência com as uvas da Grécia pode ser acirrada, visto que a redução no número de turistas no país, devido à pandemia do novo coronavírus, tende a aumentar a inserção de uvas gregas em outros destinos europeus.