Os preços recordes do boi magro e dos grãos nestes primeiros meses de 2021 mostram que este ano deve ser novamente desafiador a pecuaristas terminadores. De acordo com o levantamento do Cepea, a média de preços do boi magro comercializado no estado de São Paulo neste mês está próxima de R$ 4.600,00/cabeça, alta de 5% frente à do mês anterior e quase 21% acima da registrada em março do ano passado, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Quanto ao milho, importante insumo utilizado na alimentação animal, atingiu nesta semana novo recorde diário real da série histórica do Cepea. Neste mês, a média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa (representado pela região de Campinas, SP) está em R$ 89,98/saca, com avanços reais de 7,2% frente à de fevereiro/21 e de significativos 24% em relação à de março do ano passado. Segundo pesquisadores do Cepea, para buscar uma margem positiva, pecuaristas devem avaliar com cautela o movimento dos valores dos insumos e usar de modo eficaz ferramentas de gestão de seus custos de produção. Ressalta-se que, no caso de confinamentos, o boi magro e o milho são itens de maiores custos, podendo chegar a representar de 90% a 95% dos gastos totais, dependendo da região do País.
SUÍNOS: COM NOVAS MEDIDAS RESTRITIVAS, LIQUIDEZ DIMINUI E PREÇOS CAEM
O início da segunda quinzena de março, quando tipicamente a liquidez interna no mercado de suínos se enfraquece, se somou às novas medidas de isolamento para contenção da pandemia de covid-19. De acordo com pesquisadores do Cepea, as novas restrições, além diminuírem a demanda de restaurantes e de serviços de alimentação, tendem a limitar também o consumo das famílias, à medida que prejudica a renda e o poder de compra da população. Esse contexto vem pressionando os valores do setor suinícola, do animal vivo aos cortes, em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Além da dificuldade atual em negociar a carne no atacado, a apreensão do setor também está voltada aos cenários de curto e médio prazos. Por enquanto, não há sinais de recuperação da demanda interna, e, diante disso, indústrias e frigoríficos ajustam suas programações de abates, reduzindo a procura por novos lotes de animais no mercado independente.
IPPA: AVANÇO EM FEVEREIRO SE LIMITA A 1%
Em fevereiro, o IPPA/CEPEA (Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários) avançou 1%, em termos nominais, frente a janeiro de 2021. Segundo pesquisadores do Cepea, o resultado do índice geral reflete a contraposição das variações observadas nos índices dos grupos. De um lado, o IPPA-Pecuária e o IPPA-Cana-Café subiram 3,9% e 3,2%, respectivamente, mas, de outro, o IPPA-Hortifrutícolas e o IPPA-Grãos recuaram 9,4% e ligeiro 0,3%. A variação positiva observada no índice da Pecuária esteve atrelada às elevações nos preços nominais do boi gordo, dos ovos e do frango vivo. Por sua vez, as valorizações da cana-de-açúcar e do café explicam o desempenho positivo do índice composto por estes produtos. No caso de grãos, destacam-se os recuos nos preços nominais da soja e do arroz, que explicam o desempenho do índice desse grupo. Para os hortifrutícolas, observaram-se quedas de preços para banana, tomate e batata. Também de janeiro para fevereiro de 2021, o IPA-OG-DI Produtos Industriais, calculado e divulgado pela FGV, teve alta de 3,8% – logo, nesse período, os preços agropecuários se desvalorizaram frente aos preços industriais da economia.