Os preços médios do boi gordo recuaram ao longo de novembro na maior parte das praças acompanhadas pelo Cepea, pressionados sobretudo pela maior oferta de animais para abate. Além do avanço na disponibilidade de boi de confinamento, típico para este período, a recente recuperação no número total de animais abatidos e o aumento na produtividade por cabeça, ambos evidenciados por dados oficiais do IBGE, reforçam o movimento de desvalorização da arroba. Diante disso, em novembro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista) teve média de R$ 283,35, quedas de 4,5% frente à de outubro e de expressivos 10,35% em relação à de novembro do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Trata-se, também, da menor média real desde outubro de 2019, quando foi de R$ 254,29. Isso chama a atenção porque mostra que os valores atuais voltaram aos patamares observados justamente no período em que os preços da arroba iniciaram um intenso movimento de alta, tendo como impulso, naquele momento, a elevação das compras chinesas e a diminuição no volume de animais para abate no Brasil. Quando considerados apenas os meses de novembro, a queda atual, de 4,5%, é a mais intensa desde 2006, quando a desvalorização mensal chegou a 11,07%. Inclusive, nos últimos anos, o que se verificou nesse período foram avanços expressivos nas cotações. Em 2021, de outubro para novembro, a valorização da arroba foi de 11,1%, em 2020, de 5,04% e em 2019, de significativos 22,2%
Em 2022, especificamente, o bom desempenho das exportações brasileiras desde o começo do ano levou pecuaristas a elevarem o número de gado confinado. Esse cenário, no entanto, se somou ao crescimento da produtividade e não teve equilíbrio com a demanda doméstica pela carne, que ainda segue abaixo do esperado pelo setor. A carcaça casada do boi é negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo à média de R$ 19,45/kg em novembro, sendo 0,6% acima da registrada em outubro, mas 5,6% abaixo da de novembro de 2021. Ainda que pequeno, esse avanço mensal sinaliza uma reação, depois de os preços médios terem caído por três meses seguidos. No geral, parte dos atacadistas consultados pelo Cepea indicou que o varejo vem formando estoques, à espera de aquecimento na demanda com as festividades do final do ano. Quanto à reposição, o cenário é o mesmo do da carne, com pequeno aumento na comparação mensal, mas recuo no anual. Em novembro, o Indicador ESAL/BM&FBovespa do bezerro (Mato Grosso do Sul) tem média de R$ 2.450,75/cabeça, estável frente ao mês anterior, mas recuo anual de 17%, em termos reais. Essa sustentação de outubro para novembro pode indicar um pequeno ajuste na oferta e/ou um aquecimento na demanda, tendo em vista que as chuvas vêm favorecendo as condições das pastagens.