Os preços médios de setembro do bezerro, do boi magro, do boi gordo e da carne renovaram os recordes reais das respectivas séries do Cepea. Esse cenário mostra que a demanda aquecida, especialmente por parte do mercado externo, e a baixa oferta de animais para abate seguiram sustentando os elevados patamares de toda a cadeia pecuária. Os dados levantados pelo Cepea mostram que, apesar de o preço médio do boi para abate ser recorde, o contexto atual não favorece quem faz a reposição, tendo em vista que o bezerro e o boi magro seguem igualmente negociados nos maiores patamares reais.
No caso do pecuarista criador, a situação é semelhante, já que, mesmo com o animal desmamado em valor recorde, estes produtores têm elevados desembolsos com a compra de insumos. Além dos produtos importados encarecidos pelo dólar alto, os insumos de alimentação – como milho e farelo de soja – operaram em preços recordes nominais. Ressalta-se, neste caso, que o clima seco reforçou a necessidade do uso de complementação (que tem como base o cereal e o derivado de soja), devido à piora nas condições das pastagens. Quanto à carne, o preço recorde da carcaça casada bovina alivia um pouco frigoríficos que trabalham apenas com o mercado interno, visto que estes se deparam com a matéria-prima também nas máximasreais.
BEZERRO – Em setembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa do bezerro (Mato Grosso do Sul) registrou média de R$ 2.164,19/cabeça, avanços de 3,46% em relação ao mês anterior e de 41,3% frente ao de setembro do ano passado – e um recorde real (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI de agosto/2020). Em São Paulo, o bezerro também registrou recorde mensal em setembro, de R$ 2.232,21/cabeça, com acréscimo de 4,6% em relação à média de agosto/20 e aumento de 41,7% em relação à de setembro/19.
BOI MAGRO – O preço médio do boi magro em São Paulo foi de R$ 3.381,01, um recorde real, com avanços mensal de 8% e anual de quase 40%.
BOI GORDO – O valor médio mensal do Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista, à vista) renovou em setembro o recorde real da série do Cepea, a R$ 248,50, superando em 8,76% a de agosto e ficando 37% acima da verificada em setembro do ano passado. Já quando considerados os fechamentos diários, o Indicador CEPEA/B3 do último dia de setembro, de R$ 256,70, é um recorde apenas nominal. Quando considerada a inflação, o atual preço fica abaixo do verificado no dia 29 de novembro do ano passado, quando o valor nominal, de R$ 231,35, sobe para R$ 261,25 corrigido pela inflação.
CARNE – A carcaça casada do boi gordo negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo apresentou média de R$ 16,47/kg em setembro, com elevações de 6,5% em relação ao mês anterior e de expressivos 34% frente ao de setembro de 2019. Considerando-se os valores diários, o fechamento dos dias 16 e 17 de setembro, de R$ 16,64/kg, foram os maiores desde 28 de novembro de 2019, quando o preço corrigido pela inflação foi de R$ 18,59/kg (o valor nominal deste dia foi de R$ 16,46/kg).
